terça-feira, 2 de outubro de 2012

ÈDÈ YORÙBÁ


Èdè yorùbá  (idioma iorubá)

Os iorubás ou iorubas (em iorubá: Yorùbá), também conhecidos como ou yorubá (io•ru•bá) ou yoruba, são um dos maiores grupo étno-linguístico ou grupo étnico na África Ocidental.
Sua essência Yorùbá foi deturpando-se no geral com o passar dos séculos, desde a chegada dos primeiros negros oriundos da África, particularmente da Nigéria e do Dahomé (atual República Popular de Benin), sendo que os de origem Yorùbá foram dos últimos a chegarem ao Brasil, já próximo ao término da escravidão.
Por suas diferenças e maneiras foram aproveitados em grande número como escravos domésticos, pois eram considerados mais refinados. Mas, com a sua adaptabilidade do tão conhecido jeitinho brasileiro, moldou-se segundo a nossa personalidade, adaptando-se e forjando-nos como afro-brasileiros para nos classificarmos, se assim se pode dizer.
A nossa religião é uma das mais belas e originais manifestações de espiritualidade, com um vasto e riquíssimo naipe de nuanças, com personalidade, feição e expressão próprias, traduzidas em linguagem também própria e particularizadas, apesar de variada. 
A linguagem oral: através da qual se expressam os orins (cânticos), àdúràs (rezas), ofós (encantamentos) e oríkìs (louvações). É através dela que se conversa com os Òrìsàs.
Nossa religião é eminentemente de transmissão oral, e a despeito disso, preservaram grande parte dos seus rituais, cânticos e liturgia com sua língua litúrgica falada quase que fluentemente em seu bojo, pelas pessoas mais proeminentes, mas, infelizmente, em número bem restrito.
A língua oficial nos cultos Kétu, Ègbá, Ifón e Ìjèsà é o Yorùbá, que apesar disso é também muito utilizada nos cultos de origem Angola e Jeje, que são oriundos de países e culturas diferentes.
            Diz algumas pessoas, que o Yorúbá é uma língua morta e está para o culto aos Òrìsà assim como o Latim está para o Catolicismo. Mas isso é um engano, o Yorùbá é uma língua viva e dinâmica e é falado ainda nos dias atuais por cerca de 20 a 25% da população da Nigéria e possui elevado número de dialetos, cuja língua oficial é o Inglês, e algumas regiões o francês, introduzido ali pelos colonizadores.
            No Benin, são mais ou menos 20 a 25% também de sua população, dentre outros tantos dialetos, que falam o Yorùbá como sua primeira língua ou segunda, dependendo do aculturamento.
            O Yorùbá é a primeira língua de aproximadamente 30 milhões de africanos ocidentais, e é falada pelas populações no Sudoeste da Nigéria, Togo, Benin, Camarões e Serra Leoa.
A língua também sobreviveu em Cuba (onde é chamada de Lukumi) e em certas partes dos Estados Unidos entre pessoas de origem Cubanas.
À parte de vários dialetos, existe o Yorùbá padrão, que é usado para propósitos educacionais (ex. em jornais, revistas, no rádio, TV e em escolas). Esta forma padrão é compreendida por oradores dos vários dialetos que atuam como tradutores do Yorùbá oficial para o dialetal e vice-versa.
No Brasil o interesse pelo Yorùbá dá-se principalmente entre as pessoas adeptas da Religião dos Òrìsàs, que recebe o nome genérico e popular de Candomblé, não importando a origem, se Yorùbá, Fon (Jeje) ou Bantu (Angola).
            O Candomblé Brasil nasceu da necessidade dos negros escravos em realizarem seus rituais religiosos que no princípio eram proibidos pelos senhores de escravos. E para burlar essa proibição, os negros faziam seus assentamentos e os escondiam, preferencialmente fazendo um buraco no chão, cobrindo-os e por cima colocavam uma imagem de um santo católico. Então eles cantavam e dançavam para seus Òrìsàs, dizendo que estavam cantando e dançando em homenagem àquele santo católico; daí nasceu o sincretismo religioso, que foi abandonado mais tarde pela maioria dos adeptos do Candomblé tradicional, com o "término" da escravidão e mais concretamente quando o Candomblé foi aceito como religião com a liberdade de culto garantida pela Constituição Brasileira.
À primeira vista para os leigos, o Candomblé Brasil é uma coisa só. Mas, não é bem assim. Existem vários grupos. Na época do tráfico de escravos, vieram muitos negros oriundos de Angola e Moçambique: os Bantos, Cassanges, Kicongos, Kiocos, Umbundos, Kimbudos, de onde se originou o Candomblé Brasil, facilmente reconhecido por quem é da religião, pela maneira diferente de falar, cantar, dançar e percutir os tambores, o que é feito com as mãos diretamente sobre o couro com ritmos e cadências próprios, alegres e ligeiros.
É o Candomblé Brasil de onde se originou o Samba, que tomou emprestado o próprio nome, que em Kimbundo significa "oração". Mais tarde assimilado pelo Samba de Caboclos, aí já em sua versão mais “abrasileirada” como um culto ameríndio que era feito pelos Caboclos, neste momento incorporado em seus “cavalos” e já em idioma aportuguesado com versos chamados de “sotaque”. Isto, porque quase sempre eram parábolas ou charadas que poucos entendiam.
Acha-se que este Samba de Caboclos foi o embrião da Umbanda, onde nasceram os cânticos e falado em português, fazendo assim a nacionalização dos Òrìsàs africanos, que algumas pessoas faziam objeção por ter uma língua estrangeira não bem aceita pelos já nascidos brasileiros e que foram perdendo os conhecimentos da língua ancestral, principalmente por causa do analfabetismo.  A Umbanda é a mistura do culto aos Òrìsàs, do Catolicismo e do Kardecismo, resultando numa religião Brasileira, que hoje em dia é até exportada para os países vizinhos, principalmente os do cone Sul, como Argentina, Paraguai e Uruguai, onde existe até confederações de Umbanda e onde o Brasil está para eles, assim como a África está para nós. A origem da força cultural Yorùbá foi demonstrada em uma das guerras havidas entre o Dahomé e a Nigéria, mais ou menos do meado para o final do século dezesseis, em que o Estado de Kétu teve praticamente metade do seu território anexado ao Dahomé como espólio de guerra, após sua população, juntamente com a de Meko, ter sido saqueada e parte dela capturada como escravos perdurando essa anexação militar até os dias atuais.
            Como resultado dessa guerra, muitos foram capturados de ambos os lados, e foram vendidos aos portugueses como escravos. Foi quando, já ao final do século, começaram a chegar tantos os escravos de origem Ewe-Fon, conhecidos popularmente por Jejes, oriundos do Benin, antigo Dahomé, que foram capturados pelos Yorùbás, como recíproca dos Yorùbá capturados pelos Ewe-Fon, também vendidos como escravos.
Os Yorùbás em sua maioria eram oriundos de Kétu, o território anexado. Mas, também vieram negros trazidos de outras áreas Yorùbás como Òyó, Ogun, osun, Eketi, Ègbá, Ilesá, Ifón, Abeokutá, Irê, Ìfé,Osogbo, Akurè, Ilorin, Ibàdàn, Lagos etc.  
Estes dois grupos (Jeje e Yorùbá) quando chegaram ao Brasil, continuaram inimigos ferrenhos e não havia hipótese de um aceitar o outro. Mas, eram indivíduos de tradições sociais religiosas tribais e não podiam sobreviver sozinhos. Então procuraram unirem-se em virtude da condição cativa de ambos. Essa união era difícil tanto pela barreira do idioma, pois eram vários e diferentes em dialetos, quanto pelo ódio que alguns nutriam contra os outros. Do que os senhores de escravos e feitores se aproveitavam em tirar proveito para fomentar mais ainda a animosidade entre eles. Pois, os senhores de Engenho, principalmente, temiam a união do grande número de escravos, o que certamente poderia colocar em risco a segurança dos brancos. Então, quando eles permitiam que os negros se reunissem no terreiro para cantar e dançar, estimulava-lhes a que fizessem "rodas" separadas, somente com seus compatriotas, onde os Kétu não se misturavam aos Jejes nem Bantu e assim também os outros faziam o mesmo eles próprios com relação aos outros. Mas, com o tempo essa tática foi deixando de dar certo, porque os negros entenderam que sua maior fraqueza era a sua própria desunião, e resolveram se unir para facilitar um pouco à sobrevivência, unindo-se contra o inimigo comum, isto é, o branco. Isso é mais evidenciado com a instituição dos quilombos, que eram focos de resistência dos negros fujões, e que não se curvavam à escravidão. Na nossa religião nós cantamos, oramos e, até dialogamos em Yorùbá com pequenas frases e termos usuais do dia-a-dia nas casas de culto com a assimilação de um até vasto vocabulário, se levarmos em consideração as condições em que se deu a preservação disto. É de suma importância às linguagens da nossa religião, sobretudo, a oral porque a entendendo, entenderemos os rituais e poderemos nos comunicar com os nossos Òrìsàs e Ancestrais, através da palavra.
            Se não souber falar Yorùbá a pessoa levará seus oríkìns em português mesmo, os Òrìsàs ouvirão e atenderão da mesma maneira. O que é mais importante é a fé e a sinceridade com que nos dirigimos a eles. Contudo, se nos comunicamos em Yorùbá é muito mais gratificante a emoção que sentimos ao saber que o fazemos da mesma maneira que os nossos Ancestrais faziam há vários séculos atrás em nossa língua mãe religiosa.
            Então, nós louvamos, elogiamos, exaltamos, enaltecemos os imalès (espíritos) no culto Tradicional Yorùbá, de acordo com a herança a nós legada pelos nossos antepassados, negros oriundos de vários lugares d'África, atravessando os séculos e chegando até nossos dias. As cantigas são um modo de enaltecer e glorificar fatos e feitos relacionados com determinado Òrìsà, reportando-se à mitologia daquele Òrìsà.
            Louvar é: elogiar, dirigir louvores, exaltar, enaltecer, etc. Isto nós o fazemos diuturnamente no culto aos Òrìsàs, de acordo com a herança a nós legada pelos nossos ancestrais negros que nos ensinaram como fazê-lo através dos séculos desde então, da mesma maneira como eles o faziam. Essas maneiras são variadas e diversas, embora, aos olhos do leigo, possa parecer tudo a mesma coisa.
Dessas maneiras, a mais popular é o Orin (a cantiga-música). Com ela nós louvamos qualquer Òrìsà ou imalè (espíritos). As cantigas são modos de enaltecer e glorificar os fatos e feitos relacionados a determinado Òrìsà ou imalè, reportando um acontecimento ligado à mitologia daquele Òrìsà.
Portanto, aprender a cantar corretamente e rezar para louvar os Òrìsàs fazem-se necessário, inclusive para um maior conhecimento e entendimento das suas lendas.
vícios de linguagem” que, em longo prazo, desfiguram o idioma e, sem que se dêem conta, acabam contribuindo para difundir os erros e até mesmo incorporá-los ao idioma. Para confirmar, basta verificar como são diferentes a forma de expressar as palavras de muitos cântigos, rezas e conversações simples, de nação para nação. Esta é uma das razões da dificuldade encontrada na tradução para se saber o que se canta e o que se reza. A perda do som original de muitas palavras, e os vícios já creditados como corretos, impedem a interpretação de certas palavras que ao serem traduzidas, não conferem com o desejo do momento. Esta situação vem dando margem a que pessoas, no afã de traduzir, substituam essas palavras por outras que mais lhe convém, provocando mudança total no sentido daquilo que se deseja naquele momento. Em outros casos, a tradução fica destituída de significados, passando a não ter nenhuma relação com o ato que está sendo feito naquele momento. São pessoas predispostas a exibir conhecimentos para os quais não foram qualificadas por falta de seriedade científica, pelo fato do que for apresentado poder vir a ser aceito como autêntico, criando novos vícios para uma religião plena de problemas a serem solucionados.
O Èdè Yorùbá é a chave cultural de um povo milenar. Sem rever seus aspectos, origem e formas, não podemos nos construir na religião, pois na maioria das vezes não se sabe o que se canta e o que se reza.
O seu aprendizado será a resposta para muitas dúvidas que existem na religião. Mas não somente em saber interpretar os cântigos e rezas como forma de curiosidade, mas sim pelo fato de poder sentir mais intimamente, através do seu conhecimento, o alto grau de religiosidade que existe nas mensagens. E a sua utilização terá uma extensão maior ao ser empregado também na literatura humana e de uso corrente.

Ortografia Yorùbá:
O alfabeto Yorùbá é muito similar ao português, exceto para algumas letras que são pronunciadas de forma diferente. Compôe-se de 18 consoantes e 7 vogais:

A B D E E F G GB H I J K L M N O O P R S S T W Y.
Como pode ser observado não são utilizadas as letras C,Q,X,Z e V.
Letras repetidas acima que se utilizam de um ponto em baixo: O, E, S

Vogais Orais: A E E I O O U . .
Vogais Nasais: AN, EN, IN, ON, UN

O Yorubá como língua Tonal, utiliza-se de três sons: alto, médio e baixo ou grave, representados por acentos superiores nas vogais: acento agudo, som alto, acento grave, som baixo e sem acento, indicando o som médio ou a voz normal. Isto quer dizer que eles não devem ser confundidos com nossos acentos. Um ponto colocado embaixo das vogais E e O, lhes dá o som aberto, caso não o tenham terão o om fechado. As vogais quando seguidas da letra N, terão um som nasal. A letra S com um ponto embaixo tem som de X ou CH, caso não tenha, terá o som natural da letra S.

Pronúcia de algumas letras:

G: tem um som gutural ou seja, deve ser lido como em Gostar e nunca como em Gentil.
H: tem som expirado aproximado de rr.
J: tem som de dj, como em adjetivo, adjacente, adjunto.
R: leia como em arisco, nunca tem o som de rr.
W: tem o som de u.
Y: tem o som de i.
S: tem o som normal, sendo que, caso tenha um ponto ou tracinho embaixo, terá o som da letra x.
P: tem o som de kp, que devem ser lidos juntos.
GB: deve ser pronunciada com as duas letras juntas.

A Estrutura Silábica da língua Yorùbá consiste de qualquer vogal ou de uma consoante seguida de uma vogal. Como consequência do Yorùbá ser uma lingua tonal, a mesma consoante combinada com uma vogal poderá formar diferentes palavras com tons, acentuações diferentes, como por exemplo:

Ra: no tom médio significa raspar
Rá: no tom agudo ou alto significa rastejar
Rà: no tom grave significa comprar, amarrar.
Wá: no tom agudo significa procurar, vir, dirigir, dividir.
Wà: no tom grave significa ser, existir, haver.

Os pronomes pessoais antecedem todos os verbos Yorùbá. isto quer dizer que devemos especificar o sujeito de todo verbo Yorùbá para que se saiba quem fala, com quem se fala e de quem se fala. Os verbos não se alteram na conjugação, eles são distinguídos pelos pronomes, e os tempos são conhecidos por marcas indicativas de tempo. vejamos alguns:

Ti: faz o tempo passado; também significa a palavra já, para enfatizar uma ação feita.

Kò máa dáwò lóní: Ele não costuma jogar hoje

O vocabulário Yorùbá tem sido ampliado por meio de diversos procedimentos. Dentre as palavras criadas, muitas foram resultantes da utilização das partes do corpo humano, é utilizado para definir as coisas altas e destacadas; as mãos, as coisas que dão segurança, os pés, para uma firmeza, os olhos como a parte principal de alguma coisa, as nádegas, como a base do corpo. Deste modo, podemos relacionar algumas palavras:

Orí: cabeça
Òkè: montanha
Orí òkè: topo da montanha
Orí igi: topo da árvore
Ojú: olhos
Orùn: sol
Ojúorùn: disco solar
Bajé: estragado
Inú: estômago
Inúbàjé: aborrecido

A linguagem se utiliza bastante da técnica de figura da fala na construção de seu vocabulário. A extensão figurativa do uso da palavra para abranger outros significados é mais usada entre os Yorùbás do que em muitos outros idiomas. Algumas frases, se não forem bem compreendidas, poderão sugerir outras interpretações, como vem ocorrendo na interpretação de muitas cantigas na roda de candomblé Brasil.
O Yorùbá raramente inventa uma palavra novamente. Procura combinar a semelhança do novo objeto já familiar. A composição é então formada para designar o novo objeto. O trem, o avião, o navio foram introduzidos na cultura na mesma classe dos meios de transporte. A palavra chave é Okò.

Okò okun(mar)= navio
Okò irin(ferro)= trem
Okò òfurufú(ar)= avião

Aprender um idioma é o mesmo que aprender qualquer outra habilidade: exige prática. Há uma diferença entre compreender o significado de uma palavra e falar um idioma. É isso que vem acontecendo nos candomblés do Brasil. Não é de hoje que se canta o que se ouve sem a menor preocupação de se entender o que canta, as variações dessas mesmas cantigas de uma casa para outra e muitas vezes sendo da mesma nação. A facilidade de como as pessoas criam e inventam palavras,glutinando-as, colocando acentos e aportuguesando o Yorùbá, como que quisessem reinventar o idioma, que já sofreu com seus dialetos, fora a eluta para manter o idioma Yorùbá, pode ser corrigidoas através dos bons cursos de língua Yorùbá, basta ter humildade e vontade de aprender o correto independente da idade de iniciação que tenha.

O Calendário yorùbá (Kojoda) inicia o ano de 3 junho a 2 junho do ano seguinte. O povo Yorùbá também mede o tempo em sete dias por semana e quatro semanas por mês. Os dias são:


Ojo-Aiku (Domingo),
Ojo-Aje (Segunda-feira),
Ojo-Ishegun (Terça-feira),
Ojo-Riru (Quarta-feira),
Ojo-Bo/Alamisi (Quinta-feira),
Ojo-Eti (Sexta-feira) e Ojo-Abameta (Sábado).

O tempo é medido em isheju (minutos),
wakati (horas),
ojo (dias),
ose (semanas),
oshu (meses) e odun (anos). 



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