quarta-feira, 17 de outubro de 2012

ISEFÁ , ÌTÉFÁ , SAPÉLÉ


RITUAL DE INICIAÇÃO EM IFÁ.
Primeiro o candidato será apresentado ao sacerdote, que jogará então o Opele-Ìfá, e através dele terá a visão plena das condições necessárias para que este Orí possa receber esta iniciação. Jamais esta avaliação será feita através do jogo de búzios como é de costume aqui no Brasil. Uma vez aceito, esta preparação será feita com um mês de antecedência, quando então o sacerdote irá para a floresta sagrada à procura das sementes também sagradas, o Ikin, e então passadas por rituais que somente os Bàbáláwò podem executar. Estas sementes são dotadas de três ou mais olhos (3.º olho,Iwa Yi, o olho do caráter), e serão escolhidas para cada pessoa de acordo com os Odú que caíram durante o jogo, não podemos esquecer que Ìfá traduz a sua individualidade. Durante o ritual iniciático, enquanto estão sendo batidas as sementes de ikin, o sacerdote estará recitando os versos (Itan) dos 16 Odús principais, mais Odú-Ìfá Oseturá, que representa a criação da diversidade no Universo, e assim a visão dos inúmeros caminhos traduzidos pelos Odús, dando a Òrúnmìlà o nome de Eleripin (A Semente da Criação). Estas sementes rezadas individualmente será o Ibá-Ikin-Ìfá, elemento que fará a ligação de seu Elédà com sua origem Divina o qual estará relacionado aos primeiros 16 Odú, os Órìsàprimordiais, e a multiplicação destes. A sua matriz de origem estará sendo invocada para dar sentido a sua vida aqui na terra.

Èsú-Ìfá

A ilusão nos causa impressões de que algo visto de perto pareçam simétricas, e quando vistas à distancia terão um novo foco, assim vice e verça. Partindo deste princípio tudo depende do modo como se "olha", assim a justiça, ou a injustiça, o bem e o mau, assim como é importante as pessoas terem em conta que muitas vezes aquilo que lhes faz bem hoje, com o tempo pode não ser, da mesma forma que aquilo que hoje é ruim, amanhã poderá ser muito bom. Para a cultura Yorùbá, Èsù é o justiçeiro Divino, aquele que olha tudo, que leva a Olódùnmarè os anseios do homem e o trás de volta em forma de benefício, Àse ou não.
Tudo o que existe tem sua polaridade, e Èsú será aquele que nos dará a pista de qual o caminho tomar, ele traduz a linguagem densa de nossa crosta terrestre para chegar no divino, gerando caminhos (Odú), portanto ele é a primeira semente geradora. Quando você conversa com a natureza e isto lhe trás benefício é Èsú que traduziu o seu código mental para a energia pura, trazendo de volta em forma de prazer interior.
Se o Ikin-Ìfá é a mente, para cada inciciado será então plantado um Èsú, pois ele é quem vai transformar os desejos interiores no seu mundo paupável, a mente é a razão, e Èsú o gerador, aquele que faz conceber, nascer, criar e tornar possível os frutos desta razão. Ele será plantado em uma pedra na qual os sacerdotes invocarão um espírito, e daí por diante você deverá criar uma afinidade de tal forma que tudo o que faça possa com ele dialogar, em todos os momentos, todos os dias e horas, se não fisicamente, mentalmente, criar uma simbiose. Forças são energias vivas que não podem ficar paradas, se você não tem este contato, com o tempo se vão, e aí você perderá novamente este elo de ligação, e só lhe restará uma pedra. Ikin-Ìfá e Èsú-Ìfá Por conclusão, quando o iniciado recebe estes elementos sagrados o seu equilíbrio espiritual será completo, representando a unidade entre aquilo que se pensa e aquilo que se faz. Aquele que vive somente dentro da razão concentra na parte central do seu corpo esta energia, e viverá sempre tenso, dores de cabeça, mau humorado, é um ser nervoso. Quando ao contrário a pessoa se agita muito mais do que faz, serão aqueles que não sabem nem o que fazem, nem para onde ir, e vivem se debatendo de um lado para o outro sem sentido ou objetivos. O equilibrio está em pensar, e fazer. O Orí cria objetivos, os pés correrão o mundo, e as mãos farão o que precisa. A manutenção deste enorme bem recebido terá que ser cumprido, sob muitas formas: Ao se levantar de manhã, em jejum sem falar com ninguém deverá orar para eles. Todas as sextas-feiras fará sua oferanda da semana. A cada 30 dias, sua oferenda de mês. E a cada ano será feita festa em sua homenagem. Todos os preceitos, oferendas ou qualquer coisa que fará sempre será sob a orientação de um Bàbáláwò, nenhum outro grau hierarquico dentro de nossa religião está apto para dar orientação sob a conduta e procedimento para os filhos de Ìfá. É bom que se diga que na África, Bàbáláwò não são possuidos pelos Eleguns, e este um título é usado no Brasil indiscriminadamente por pessoas que não conhecem a profundidade de seus reais fundamentos.

Isefá

Se for traduzir ao pé da letra , significa : ( Força de Ìfá ) O Isefá é a porta de entrada para o Culto de Ìfá e consiste num momento muito especial que separa a condição de admiradora de uma pessoa para torná-la uma seguidora de Ìfá. Muito simples e eficiente, como convém tudo que diz respeito a Ìfá, a iniciação é realizada por um bàbáláwò, geralmente acompanhado da Iyapetebi e demais colegas bàbáláwòs, familiares e convidados do Egbe e dos iniciantes. Pode-se realizar este ritual apenas com a presença do bàbáláwò e o noviço. Dependendo do número de iniciantes. Nela é feita invocação das folhas no orí (cabeça) do iniciante, seguido pela lavagem dos Ikins Ìfá (caroços encontrados no coquinho do dendezeiro), seguido por sacrifício de um animal prescrito por Ìfá/Òrúnmìlà e oferecimento de uma pequena recepção para comemorar a transformação do iniciante em Omo Ìfá (filho de Ìfá). Ao final do evento, o Omo Ìfá retorna para sua residência com o pote de Ìfá e inicia sua jornada de zelador de Ìfá/Òrúnmìlà, na condição de “noviciado”.
Isefá normalmente muitas pessoas procuram para ter mais conhecimento sobre a vida e seu pessoal, sendo que o novo iniciado consegue aprender com seu Bàbáláwò a controlar seu caráter, ter mais paciência, saber ver mais o certo e o errado, saber se defender e principalmente, organizar de uma maneira mais fácil sua vida.

Ìtéfá

O Ìtéfá é um ritual mais complexo, pois o Omo Ìfá faz seus votos perpétuos a Ìfá/Òrúnmìlà e torna-se um Bàbáláwò, no caso dos homens, e Iyanifá, no caso das mulheres. Também realizado por um ou vários Bàbáláwòs e Iyànifás, sua duração é mais longa e o processo mais detalhado, sendo revelados muitos awos (segredos) do iniciado e da estrutura cósmica da existência, para entendimento e orientação do novo sacerdote. Por tudo isso, o Ìtéfá é mais sigiloso e quase tudo que nele acontece permanece segredado para os que dele participaram.

Sapélé

Consiste num ritual de recebimento dos fundamentos do opelé e dos odus direcionados a todos que tenham participado do Ìtéfá. Também é muito rápido e, em linhas gerais, consiste em tomar ciência dos símbolos sagrados dos odús e seus significados, seguido pela ingestão de elementos cerimoniais que ajudam a fixar o aprendizado, crescimento e florescimento respeitoso dos odus e seus significados no “interior” do Omo Ìfá. Sua grandeza se estenderá por toda a existência do Omo Ìfá, sendo-lhe interditado o “uso do bem para fazer o mal e do mal para fazer o bem”, ou seja, a partir deste instante ele será um mero instrumento de revelação a favor da sabedoria de Ìfá, devendo sempre obediência a Ele e procurando sempre a forma mais exata para traduzir em palavras e atitudes o que o oráculo prescreve como conduta necessária aos homens, aos governos, às nações e à Terra.

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