Simplesmente expus neste texto, alguns
conhecimentos no Culto aos òrìsàs. Não tenho intenção ou pretensão de agredir
ninguém. Existe uma controversa muito grande no Brasil. Segundo os conceitos Yorùbá, não
existem as tão chamadas “qualidades” que temos aqui no Brasil. Estamos
falando de divindades e não que eles tenham qualidade boa, ruim ou mais ou
menos, não são comparadas a exemplo de bebidas: Vinho melhor ou pior (seco, tinto,
safra 1925, qualidade boa; etc.) As divindades tem Caminhos e não qualidades.
Na África eles cultuam um òrìsà em cada casa separadamente. Tendo casas,
onde somente se iniciam filhos de Ògún; outras somente de Sòngó, outras ainda,
somente de Òbàtálá, e assim por diante. Esses rituais de iniciação são feitos
no templo do òrìsà, onde fica um assentamento comum a todos, chamado de Ojubo.
Não existem igbá individuais. Para eles, se for
assentado mais de um igbá, a força será divergida e dividida entre esses
igbá. Ao passo que, se todos os rituais forem feitos num único
igbá ou ojubo, essas forças convergirão e se somarão.
Aumentado assim o àsé para a casa e para todos.
Ainda, nos festivais em louvor aos òrìsàs, quando da incorporação desses òrìsà,
esta se fará num único filho, não importando quem quer que seja. Então, numa
multidão ninguém sabe quem será o escolhido para incorporar aquele òrìsà. E
quando isso acontece, todos os demais filhos respeitam e aceitam aquele transe
como o único; porque aquele foi o filho escolhido pelo òrìsà para
manifestar-se.
Ao virem para o Brasil como escravos os nossos antepassados trouxeram consigo o
culto aos òrìsàs. E com o passar dos anos a religião foi se enraizando
aqui. E durante esses séculos que se passaram, desde a chegada dos negros
com suas religiões até os dias atuais muitas coisas se perderam, tais como:
rituais diversos e a própria língua Africana Mãe, diluindo-se quase que
totalmente atualmente, onde a grande maioria das pessoas, da religião, não tem
conhecimento da língua ritual. E isso ensejou uma série de equívocos,
tais como “qualidades de òrìsàs”.
Alguns òrìsàs que eram cultuados antigamente e cujos cultos se perderam no
tempo, em grande parte, pelo famigerado “segredo”, que só serviu para
nos legar uma grande dose de ignorância sobre a nossa própria religião;
perderam seus cultos individuais e passaram a serem cultuados como espécies de
outros òrìsàs assemelhados. Como: no caso de Airá, que não é qualidade
de Sòngó; Ògunte, que não é qualidade de Yemonjá; Òpàrà,
que não é qualidade de Òsún;e sim filha de Obá com Sòngó; Erìnle, que
não é qualidade de Òsóòsì; Sòrókè, que não é qualidade de Ògún; etc.
Alguns desses òrìsàs tinham cultos semelhantes aos destes outros, então, o
brasileiro os inseriu como iguais e assim ficou. Ou que ainda é simplesmente um
oríkì pelo qual o òrìsà é chamado, e pelo desconhecimento da língua
Yorùbá, acabaram virando mais “qualidades”. Existe sem duvida no Brasil
uma questão muito polêmica sobre as multiplicidades dos Òrìsàs chamada por
todos de qualidade de santo.
Primeiro
na África fica mais fácil o entendimento porque não há qualidade de Òrìsà, ou
seja, em cada região cultua-se um determinado Òrìsà que é considerado
ancestral dessa região e, alguns Òrìsàs por sua importância acabam sendo
conhecido em vários lugares como é o caso de: Sàngó, Ògún, etc. são de se saber
que Èsú é cultuado em todo território africano. Na época do tráfico de escravos
veio para o Brasil diversas etnias Ijesa, Oyo, Ibos, Ketu, etc e cada qual
trouxeram seus costumes juntos com seus Òrìsàs, digamos particulares, e
após a mistura dessas tribos e troca de informações entre eles cada
sacerdote ou quem entendia de um determinado Òrìsà trocaram fundamentos e
a partir daí surge às qualidades, e essa quantidade de Òrìsà presente aqui
no Brasil, sendo que o Òrìsà é o mesmo com origens diferenciadas.
SOBRE A MULTIPLICIDADE DOS ÒRÌSÀS.
Vamos separar a qualidade como é
chamada no Brasil (em Cuba chama-se caminhos). Já sabemos que os Òrìsàs são
venerados com outros nomes em regiões diferentes como: Iroko (Yoruba),
Loko (Jeje), Sòngó (Oyo), Oranfe (Ife), isso torna o culto
diferente. Temos também o segundo nome designando seu lugar de origem como
Ogun Onire (Ire), Osun Kare (Kare), etc, também temos os Òrìsàs com
outros nomes referentes às suas realizações como Ògún Meje refere-se às
lutas contra as 7 cidades antes dele invadir Ire. Há, portanto uma
caracterização variada das principais divindades, ou seja, uma mesma divindade
com vários nomes e, é isso que multiplica os Òrìsàs aqui no Brasil.
Òsún é
Òsún, se em um lugar ela recebe o nome de Òpárà, Apara, Ponda, Panda,
Iponda ou Igimum, isso não cria um novo Òrìsà. Da mesm forma, não me
permite colocar uma espada, um facão ou até mesmo um arpão no igba de um Òrìsà
que em nada tem ligação com esses elementos.O nome dado à divindade não muda o
comportamento do Òrìsà e sim algumas questões relativas à geografia e a
flora. Exemplo como folhas, hortaliças e tubérculos usados para os rituais,
encontrados em algumas regiões e em outras não, mas em nada muda a essência. Com
um nome Sòngó é uma figura masculina de grande vaidade, em outro lugar e
com outro nome pode ser reverenciada como guerreiro. Mas de forma alguma a
mudança de nome não cria um novo Sòngó com mais ou menos idade e muito
menos com um comportamento diferente. Isso se aplica a todos Òrìsàs. Existe uma
infinidade de situações interessantes que podemos citar. Os filhos de Òbàtálá são
vitimas de um grande numero desses equívocos. Normalmente, para eles, são
assentados inúmeros Òrìsàs que não comem dendê, no entanto sabemos que a
proibição do uso de dendê é restrita somente a Òbàtálá.
No Òrìsà Èsú então é
impressionante o numero de erros. Tem os que levam chifre, outros que tem rabo
e até um com pedras de encruzilhada e um com tridente de ferro. Outros com
terra de cemitério. Existe até o que é considerado feminino, mas com um nome de
um Vodum que com o tempo ficou afeminado (uma Léba).
Èsú é um òrìsà mais importante no
panteão Yorùbá. Tudo e todos necessitam da intervenção de Èsú, para executarem
“n” tarefas. É aí que entram com as tais qualidades, mas, que não passam apenas
de funções diversas exercidas por Èsú. Temos algumas como:
Èsú Elégbára:
Significa literalmente, Èsú Senhor
da força ou do poder, o qual ele detém incontestavelmente, de quem todos os
demais òrìsàs necessitam para executarem seus feitos. Não é qualidade, é um oríkì
pelo qual ele é chamado.
Èsù L’ònòn:
Èsú no caminho, local onde ele mora
na orítà metá (encruzilhada).
Èsú Ònòn
ou Olóònòn
Èsù do caminho, Senhor dos
caminhos, o Senhor das estradas, função em que ele abre ou fecha os caminhos; a
quem pedimos licença para transitar tudo o que desejamos inclusive a nós
mesmos. Ele é o Oníbodè (O Porteiro), Oníbodè-òrun (O Porteiro
do Céu); ou Olútójú (O guardião, o Vigia), que revista a todos que
transitam por aquela porta onde ele está de guarda.
Èsú Elébo:
O Senhor das oferendas, função em que
ele é o dono das oferendas recebidas ou que as transporta aos demais òrìsàs,
com os nossos pedidos de bênçãos e benesses.
Èsú Òdára:
A função exercida quando ele nos traz
tudo de bom, bem como as respostas dos òrìsàs aos nossos rogos, sempre é
mensageiro de coisas e notícias boas.
Èsú Òjíse:
O Mensageiro, função em que ele faz a comunicação entre o ayé e o òrun,
entre os seres humanos e os ara-òrun. Também levando os
nossos pedidos e retornando com as respostas. É também chamado de Òjíse
Ebo (O Mensageiro das Oferendas).
Èsú Elérù:
O Senhor do carrego, quando ele despacha tudo aquilo que não queremos, para que vá para
longe de nós, os males diversos como: morte, ruína, doenças, perdas,
negatividades, etc.
Estas e muitas
outras denominações de Èsú são apenas para especificar qual a função que
ele exerce naquele momento, ou em definitivo.
Admite-se até que existe o Èsú Bára (Èsu do Corpo), o
Èsú individual que mora dentro de cada pessoa. Neste caso, no
fundo é o mesmo Èsú, que de acordo com a lenda do nascimento de Èsú, parido por
Yèmòwò esposa de Òbàtálá, e que logo ao nascer come todos os
seres vivos do ayé, e quando tudo se acaba, ele ainda continua com fome
e tanto faz que termine por comer sua própria mãe, que se deixa devorar apenas
para alimentar o filho.
Òbàtálá,
seu pai neste ìtàn, ao vê-lo comer a própria mãe, enfurecido puxa de sua
espada e persegue-o para matá-lo. Ao alcançá-lo, Òbàtálá desfere um golpe e
parte Èsú ao meio. Ao invés de morrer, ele se transforma em dois. Então,
Òbàtálá desfere outro golpe cortando os dois; que se transformam em quatro, e
assim sucessivamente, até serem tantos que ocuparam quase todo o espaço do ayé.
Então, para que aquilo terminasse, Èsú fez acordo em que
prometeu a Òbàtálá, que restituiria tudo o que fora comido. Tudo aquilo que ele
recebera como oferenda, seria restituída em forma de retribuição a estas
oferendas por ele recebidas. “Nesse ìtàn ele comeu todas as criaturas vivas,
todas as frutas, todas as sementes, todos os vegetais e bebeu toda a água, otí,
emu; daí lhe ser atribuído o termo:” “ boca que
tudo come”, e é por isso também, que ele recebe qualquer coisa como oferenda.
E, como Èsú se dividira tanto, tanto; ficou também com a
incumbência de cada uma de suas “cópias” ficarem como protetora do
corpo de cada ser humano que fosse moldado por Òbàtálá . Èsú é o primogênito que se dividiu “n” vezes, mas
que, cada subdivisão é apenas uma pequena parte de um todo, que é o próprio Èsú.
Isso
deixa qualquer um que conheça um mínimo sobre, apavorado com o rumo que está
seguindo nossa religião.
É amigo muitas diferenças talvez isso que faça com que nossa religião não seja respeitada como deve ser,por isso encontramos pessoas que fazem da religião um comercio ai que tudo se transforma em uma pessima coisa para aqueles que acreditão e são sempre enganados por zeladores de santos que não tem nada para passar para seus filhos somente o compromisso do ter que dar e ter que fazer...
ResponderExcluirExatamente... Enquanto deixarmos estas pessoas enganar, delubriar,furtar , aqueles que estão se iniciando e até mesmo consulentes ,vamos ficar com a difamação de nossa crença. Infelizmente pagamos por algumas pessoas que nunca souberam o entendimento do ÌWÀ PÈLÉ. No culto e em tudo que eu acredito se não tivermos ÌWÀ e for comprovado pelos nossos Deuses, não podemos nem mesmo ser iniciados. Temos obrigação de termos ÌWÀ.
ResponderExcluirIsso mesmo concordo com vc.....muito Asé......
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