quarta-feira, 8 de agosto de 2012

ÒBÀTÁLÁ


Òrìsànlá ou Òbàtálá, “O Grande Òrìsà” ou “Rei do Pano Branco”, ocupa uma posição única e inconteste do mais importante òrìsà e o mais elevado dos deuses Yórùbás. Foi o primeiro a ser criado por Olódùmaré, o deus supremo. É o mais velho dos Òrìsàs, o rei de vestes brancas, raiz de todos os outros Òòsààlà. É o pai de Osàlúfón, que por sua vêz é o pai de Osoguian, tão grande e poderoso é Òbàtálá que não se manifesta, sua palavra transforma-se, imediatamente, em realidade. Representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação de novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte. É o responsável pelos defeitos físicos, comer sal para ele constitui um ato de alto canibalismo. Ele deu a palavra ao homem e durante suas festas não se fala, durante três semanas tudo é silêncio, pois a palavra é dele.


Òbàtálá foi encarregado por Olódùmaré de criar o mundo com o poder de sugerir (àbà) e o de realizar (à), razão pela qual é saudado com o título de Aláàbáláà. Para cumprir sua missão, antes da partida Olódùmaré,  entregou-lhe o “saco da criação”. O poder que lhe fora confiado não o dispensava, entretanto, de submeter-se a certas regras e de respeitar diversas obrigações como os outros Òrìsàs. Uma história de Ifá nos conta como, em razão de seu caráter altivo, ele se recusou a fazer alguns sacrifícios e oferendas a Èsú, antes de iniciar sua viagem para criar o mundo.
Òbàtálá pôs-se a caminho apoiado num grande cajado de estanho, seu opáorò ou paxorô, o cajado para fazer cerimônias. No momento de ultrapassar a porta do Além, encontrou Èsú, que entre as suas múltiplas obrigações, tinha a de fiscalizar as comunicações entre os dois mundos. Èsú, descontente com a recusa do Grande Òrìsà em fazer as oferendas prescritas, vingou-se o fazendo sentir uma sede intensa. Òbàtálá, para matar sua sede, não teve outro recurso senão o de furar, com o seu opáorò, a casca do tronco de um dendezeiro. Um líquido refrescante dele escorreu: era o vinho de palma (emú). Ele bebeu-o ávida e abundantemente. Ficou bêbado, não sabia, mas onde estava e caiu adormecido. Veio então Odùduà, criado por Olódùmaré depois de Òbàtálá. É o maior rival deste. Vendo o Grande Òrìsà adormecido, roubou-lhe “o saco da criação”, dirigiu-se à presença de Olódùmaré para mostrar-lhe seu achado e lhe contar em que estado se encontrava Òbàtálá. Olódùmaré exclamou: “Se ele esta neste estado, vá você, Odùduà! Vá criar o mundo!” Odùduà saiu assim do Além e se encontrou diante de uma extensão ilimitada de água. Deixou cair à substância marrom contida no “saco da criação”. Era terra. Formou-se então um montículo que ultrapassou a superfície das águas. Aí, ele colocou uma galinha cujos pés tinham cinco garras. Esta começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície das águas. Onde ciscava, cobria as águas, e a terra ia se alargando cada vez mais, o que o yoruba se diz ilè nf expressão que deu origem ao nome da cidade de ilê Ifé. Odùduà aí se estabeleceu, seguido pelos outros òrìsàs, e tornou-se assim o rei da terra. Quando Òbàtálá acordou não mais encontrou ao seu lado o “saco da criação”. Despeitado, voltou a Olódùmaré. Este, com castigo pela sua embriaguez, proibiu ao Grande Òrìsà, assim como aos outros de sua família, os Òrìsàs funfun, ou “Òrìsàs brancos”, beber vinho de palma (emú) e mesmo de usar azeite de dendê (epo). Confiou-lhe, entretanto, como consolo, a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos, aos quais ele, Olòdúmaré, insuflaria a vida.

Por essa razão, Òbàtálá é também chamado de Alámorere, o “proprietário da boa argila”. Pôs-se a modelar o corpo dos homens, mas não levava muito a sério a proibição de beber vinho de palma e, nos dias em que se excedia, os homens saíam de suas mãos contrafeitos, deformados, capengas, corcundas. Alguns, retirados do forno antes da hora, saíam mal cozidos e suas cores tornavam-se tristemente pálidas: eram albinos. Todas as pessoas que entravam nessas tristes categorias são-lhe consagradas e tornam-se adoradoras de Òbàtálá.
Mais tarde, quando Òbàtálá e Odùduà reencontraram-se, eles discutiram e se bateram com furor. A lembrança dessas discórdias é conservada nos Itáns de Ifá. As relações tempestuosas entre divindades podem ser consideradas como transposição ao domínio religioso de fatos históricos antigos. A rivalidade entre os deuses dessas lendas seria a fabulação de fatos mais ou menos reais, concernentes à fundação da cidade de Ifé, tinha como o “berço da civilização yoruba e do resto do mundo”.
Òbàtálá teria sido o rei dos igbôs, uma população instalada perto do lugar que se tornou mais tarde a cidade de Ifé. A referência a esse fato não se perdeu nas tradições orais no Brasil, onde Òbàtálá  é frequentemente mencionado nos cantos como  Òrìsànlá Igbô ou Babá Igbô, “ou Òrìsà ou “o rei dos igbôs”. Òbàtálá foi enviado para criar o mundo (enquanto, na realidade, ele tornou-se o rei dos igbôs) e foi no mito que Odùduà tornou-se o rei do mundo, por ter roubado de Òbàtálá o “saco da criação.
Òrìsànlá-Òbàtálá é casado com Yemowo. Suas imagens são colocadas um ao lado da outra e coberta por traços e pontos desenhados com efun, no ilésìn local de adoração desse casal no templo de Ideta-Ilê, no bairro de Itapa, em Ilê-Ifé.Dizem que Yemowo foi a única mulher de Òbàtálá. Um caso excepcional de monogamia entre os Òrìsàs e eboras.
As religiões afro-americanas eram transmitidas como parte de uma longa tradição oral, há muitas variações regionais em nome da divindade.
  • África: Yemonjá, Ymoja, Yemowo,Yemoja
  • Brasil: Yemanjá, Iemanjá, Janaína
  • Cuba: Yemaya, Yemayah, Iemanya
  • Haiti: La Sirène, LaSiren
  • USA : Yemalla, Yemana
  • Uruguai: Imanja
As cerimônias públicas para Òbàtálá em Ilê-Ifé comemoram acontecimentos históricos. Antigamente, as festas duravam nove dias e foram posteriormente reduzidas para cinco. Como estão em concordância com a semana yoruba de quatro dias. Foram realizados sacrifícios de cabras no templo de Òbàtálá, no ilésìn de Ideta-Ilê, onde  encontram as imagens de Òbàtálá e de sua mulher Yemowo.
  Imagens de Òbàtálá e Yemowo, sua única esposa, no templo de Ìdèta-Ilê em Ilê-Ifé, no bairro de Itapa

Uma parte do sangue é derramada sobre as imagens que, em seguida, são lavadas com infusão de folhas colhidas na floresta. Essas folhas são de diferentes variedades, entre as quais figuram as plantas calmantes (èró). Em seguida, as duas imagens são enfeitadas com um a série de traços e pontos brancos feitos com efun. Os sacerdotes mais importantes, Òbàlále, guarda de Òbàtálá, Obàlásé, guarda do Òrìsà Aláse, dançam por muito tempo nesse primeiro dia ao som dos tambores ìgbìn, próprio do culto de Òbàtálá.
O Onílù, o tocador de tambor, quando é especialista no tipo Ìgbìn, são chamados de Alùgbìn, que é o caso no templo Ìdèta-Ilê de Òbàtálá, em Ilê-Ifé. O ìgbìn é o nome do tambor de Òbàtálá, e do seu ritmo de dança preferido. -
São tambores pequenos e baixos, apoiados sobre pés, um macho e outra fêmea.

 O instrumento de percussão são dois ferros em forma de T, chamados de Eru, são batidos um contra o outro para "marcar o ritmo" tocado pela "orquestra".
No dia seguinte, seus corpos são igualmente enfeitados com desenhos feitos com efun. As imagens são bem enroladas em pano branco e levadas, de manhã cedinho, em procissão desde Ideta-Ilê até Ideta-Oko. Todos os ingredientes da oferenda a ser feita são levados até lá. Essa oferenda consta de dezesseis caracóis, dezesseis ratos, dezesseis peixes, dezesseis nozes de cola (obi).

Ervas e folhas de Òbàtálá

Alecrim, Angélica, Araçá, Barba de Velho, Baunilha, Camélia, Camomila, Cipó Cravo, Colônia, Cravo da Índia, Eucalipto, Fava de Pichuri, Folha da Fortuna, Girassol, Guaco Cheiroso, Hortelã, Jasmim, Laranjeira, Lírio do Brejo, Malva Cheirosa, Malva do Campo, Manjericão Branco, Manjerona, Mastruço, Noz de Cola, Patchouli, Poejo, Rosa Branca, Saião, Sálvia, Sangue de Cristo, Umbu.

Èèwò (kizila)
Sal, Azeite de dendê.

Adimus (agrados)
Canjica, Mel, Obí Branco, Melão, Uva Verde, Fruta Pão, coco sem casca, inhame pilado e cozido etc.


Egbò
Material necessário: Canjica branca, Mel, Algodão, Água.
Maneira de Fazer: Cozinha-se a canjica somente em água. Depois de bem cozida, coloca-se numa vasilha branca, coloca-se bastante mel de abelhas e cobre-se com algodão.

Akasá
Material necessário: Canjica branca, folha de bananeira.
Maneira de Fazer: Moe-se o milho de canjica cozinha-se até dar até dar o ponto de ficar bem durinho e enrole os bolinhos na folha da bananeira.

Inhame Acará
Cozinha-se o inhame e depois amassa-se feito um purê. Fazem-se bolinhos nas mãos e coloca-se em pratos brancos. Oferece-se à Òbàtálá.

Asé asé asé


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