Ìfá é a mensagem divina de Olódùmarè (todo poderoso) para a humanidade; Òrúnmìlá também é às vezes chamado de Ìfá que é de
fato a incorporação do conhecimento e sabedoria e a forma mais alta da prática
de adivinhação entre os Yorùbás. Òrúnmìlá é o que conduz o sacerdócio de Ìfá.
Ìfá é o nome
de um oráculo dos Yorùbás na Nigéria. Os sacerdotes de Ìfá são chamados de Bàbálawó
(o pai dos segredos).
Ìfá é a
palavra de Olódùmarè; Ìfá transcende todas as culturas e tradições de todas as
coisas: o homem, animais, rochas, água, vento e fogo. Ìfá explica a base para a
existência de todas as coisas passadas, presentes e futura. Ìfá prescreve a
solução espiritual, física de todos os problemas. Ìfá é o primeiro, mais antigo
e mais verdadeiro. Òrúnmìlá, autor
da mensagem divina de Ìfá é o primeiro e verdadeiro guardião dos segredos da
existência universal. Òrúnmìlá, em todas as coisas espirituais e esotéricas é o
vice de Olódùmarè. Toda a adoração e veneração à Òrìsà são aceitáveis, desde
que sejam subservientes ao culto de Olódùmarè, como esboço de Ìfá. Não a
instruções ou indicações para a salvação que pode conduzir ao caminho da
verdade divina, exceto por Òrúnmìlá. Ìfá é imparcial, Ìfá é verdade, Ìfá é
universal, Ìfá é a incorporação da totalidade da existência humana. Ìfá é a
base para a compreensão do inicio e fim de todas as coisas. Através de Ìfá,
grandes mistérios da vida são revelados. Apenas Ìfá explica as razões para a
vida, morte em vida, doença, sucesso, fracasso, a pobreza, a riqueza, a vida
antes do nascimento e da vida depois da morte. Apenas Ìfá revela a base espiritual,
para a experiência da reencarnação, porque nenhum organismo vivo tendo sugado
do peito da mãe natureza, vai deixar de saborear a verdade amarga da morte,
porque Orí é mais importante do que a religião, porque todos nós traçamos um
caminho diferente durante nossa permanência no planeta terra, e porque o sacrifício
é fundamental para a vida dos homens de todas as raças e religiões. Apenas Ìfá
diz exatamente como é. Em suma Ìfá orienta a vida do homem do berço ao
túmulo.
O culto de
Ìfá é um, sistema divinatório empregado na África e nos países para onde foi
disseminado para decisões de cunho religioso ou social. Utiliza três técnicas
diferentes (Òpelè, Ikins e Merindilogun),
que têm em comum os Odù Ìfá, os signos.
As mulheres
também podem ser iniciadas no culto, quando passam a ser chamadas apetebis
(esposas de Òrúnmìlá), mas os
sacerdotes Bàbálawó sempre são homens heterossexuais,
sendo vedado às apetebis jogar Òpelè ou Ikins. O Merindilogun é o jogo dos Obaoriates
sendo permitido as mulheres a usarem o Ekuró. As pessoas ebomis que não são
iniciadas em Ìfá usam o Obanika.
O culto de Ìfá tem um
rígido e complexo sistema de conduta moral relativo a seus adeptos, expresso no
Odù Ikafun, onde surgem os dezesseis mandamentos de Ìfá.
O Òpelè-Ìfá ou Rosário de Ìfá é um colar
aberto composto de um fio trançado de palha da costa ou fio de algodão, que tem
pendentes oito metades de fava de òpelè, é um instrumento divinatório dos
tradicionais sacerdotes de Ìfá.
Ikin ou no
plural Ikins são coquinhos (nozes) de um tipo especial de palmeira de dendê
que ao invés de apenas dois olhos como nas palmeiras comuns, apresentam três ou
mais olhos. Para serem usados para fins divinatórios no culto de Ìfá tem todo
um ritual de extração e preparo especial prévio.
No Merindilogun,
antes do arremesso dos búzios é Ìfá o intermediário, quando eles caem dando a
quantidade, o intermediário passa a ser Èsú que sempre acompanha Ìfá. As caídas
são dadas conforme a quantidade de búzios abertos e fechados resultante de cada
arremesso. A resposta para cada quantidade de búzios abertos e fechados,
corresponde um Odù e como ocorre no Òpelè Ìfá, esse odù deve ser interpretado,
transmitindo-se ao consulente tanto o significado da caída, quanto o que deve
ser feito para solucionar o problema.
Os 16 Mandamentos de Ìfá
Muitos andam pela vida sem rumo e acaba indo buscar
os conselhos de Ìfá. Este era o caso dos ancestrais que buscaram cobrar de Ìfá
a promessa feita por Olódùmarè (Deus), que dava a eles uma vida longa.
Diz Ìfá:
1º.
Não digam o que não sabem (èsúrú pode ser tanto uma conta sagrada como
um nome de uma pessoa).
Um sacerdote não deve enganar ao seu
semelhante acenando com conhecimentos que não possui. E jamais dizer o que não
sabe, ou seja, passar ensinamentos incorretos ou que não tenham sido
transmitidos pelos seus mestres e mais velhos ou adquiridos de formas legítimas.
É necessário o conhecimento verdadeiro para a prática da verdadeira religião.
Quem abusa da confiança do próximo,
enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa, sofrerá graves consequências
pelos seus atos. A natureza se incumbirá de cobrar os erros cometidos e isto se
refletirá em sua descendência consanguínea e espiritual.
2º.
Não façam ritos que não saibam fazer (novamente avisa: não troquem a
conta sagrada pelo nome).
O sacerdote deve saber distinguir entre
o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e o ato sagrado, o objeto profano
e o objeto sagrado.
Não se podem realizar rituais sem que
se tenha investidura e conhecimento básico para realizá-los. Chamar a todos é
considerar a todos, indiscriminadamente, como seres talhados para a missão
sacerdotal, o que é uma inverdade ou, o que é pior, uma manipulação de
interesses. Da mesma forma que nem todas as contas servem para formar-se o
colar de uma divindade (como as contas sagradas), nem todos os seres humanos
nasceram fadados para a prática sacerdotal.
Para ser um sacerdote são necessários
inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais. A
simples iniciação de um ser profano, desprovido destes atributos básicos e
essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado. Da má
interpretação e inobservância deste mandamento resulta a grande quantidade de
maus sacerdotes que proliferam hoje em dia dentro do Culto. Observa-se a
diferença entre “ser sacerdote” e “estar sacerdote”. Aquele que se submete à
iniciação visando tão somente o status de sacerdote, jamais será um verdadeiro
sacerdote. Estará sacerdote, cargo adquirido pela iniciação, mas jamais será
sacerdote, condição imposta por sua vocação, dedicação, espiritualidade e
desprendimento. Caberá ao sacerdote iniciador do neófito consultar Ìfá, com
muito critério, para apurar se aquele noviço será realmente digno do
sacerdócio.
3º.
Não enganem as pessoas (trocando a pena de papagaio por morcego).
O sacerdote nunca deve desencaminhar as
pessoas dando-lhes maus conselhos e orientações erradas.
É inadmissível que um sacerdote se
utilize do seu poder e do seu conhecimento religioso para, em proveito próprio,
induzir ao erro aqueles que o cercam. Ao agirem desta forma, assumem a postura
das aves noturnas que, nas trevas, saciam suas necessidades com o sacrifício e
o suor alheio. Dar maus conselhos e orientações erradas é expor as pessoas aos
perigos de energias maléficas e sem controle.
Uma das mais importantes funções do
sacerdote é orientar seu discípulo, conduzindo-o ao caminho correto, ao
encontro da felicidade, de acordo com os ditames estabelecidos por seu destino
pessoal e de seus ancestrais protetores.
Quem chega aos pés de Òrúnmìlá para consultar seu
oráculo em busca de soluções, deve ser orientado pelo sacerdote corretamente,
independente do interesse deste como olhador. A pessoa que chega com um
problema deve ter seu problema solucionado e não vê-lo acrescentado de outros
criados artificialmente com o fito de proporcionar a quem a consulta, vantagens
financeiras ou possibilidade de conquistas e abusos sexuais.
4º.
Não conduzam as pessoas a uma vida falsa (mostrando a folha de ìrókò e
dizendo que é folha de oriro).
Tudo deve ser feito de acordo com os
ditames e os preceitos religiosos. A simples troca de uma simples folha pode
ocasionar consequências maléficas ou tornar sem efeito um grande ritual da
mesma forma que as folhas do Arágbà não são iguais às folhas de Akókò.
O sacerdote não pode, em nenhuma
condição, utilizar-se de falsos recursos, fornecendo coisas sem validade
religiosa como elementos de segurança ou de culto. Os procedimentos litúrgicos
devem ser observados integralmente e a ninguém cabe o direito de fazer “isto”
por “aquilo” quando em “aquilo” é que está a solução.
Aquele que utiliza de meios escusos e enganosos contra seus semelhantes, será
culpado do crime de abuso de confiança. Aquele que usa de artifícios e mentiras
contra as pessoas inocentes e de bom coração provoca o descontentamento de
Òrúnmìlá e a consequente ira de Èsú.
“Òrúnmìlá é aquele que nos olha com
amor, não façamos por onde o mesmo possa nos olhar com desprezo”.
5º. Não queiram
ser uma coisa que vocês não são (não queiram nadar se vocês não conhecem o
rio).
O saber é fundamental para quem quer
fazer. Para tanto, é necessário o poder, que só o conhecimento pode outorgar.
Um sacerdote não pode proceder a
liturgias para as quais não seja habilitado através do processo iniciático ou
cuja prática desconheça ou domine apenas parcialmente. Um sacerdote não deve
ostentar uma sabedoria que na verdade não possua. Procurar saber não avilta,
mas, pelo contrário, exalta o ser humano. O saber é condição básica para que se
possa fazer. E todo ritual deve ser feito integralmente e com legitimidade
total. Se houver dúvidas sobre algum procedimento, deve-se pesquisar
profundamente sobre ele.
Cabe ao sacerdote ensinar tudo o que
sabe àqueles que o cercam e que nele confiam. A sonegação de ensinamentos
corretos e completos implica na responsabilidade da prática de suicídio
cultural. Da mesma forma, buscar orientação em quem sabe nada tem de humilhante
e enaltece tanto àquele que busca como ao que fornece a orientação. A
verdadeira sabedoria consiste na consciência da própria ignorância. Não existe
ser neste mundo que saiba tudo!
“Deus não deu ao ignorante o direito de
aprender sem antes tomar de quem sabe a obrigação de ensinar”.
6º.
Não sejam orgulhosos e egocêntricos.Humildade e desprendimento são
atributos indispensáveis de um verdadeiro sacerdote.
Um sacerdote não deve ser vaidoso de seus
poderes, mas consciente deles e não deve agir somente visando o próprio
benefício, existe para servir e não para ser servido. A vaidade transforma o
homem fraco de espírito num pavão que faz questão de exibir sua bela plumagem
sem a consciência de que é a sua beleza que, despertando a atenção de
terceiros, irá provocar a sua morte. Num Ifádù (caminho de Ifá) encontramos
narrativas que falam do exibicionismo do pavão que, ostentando a beleza de sua
plumagem, atrai para si a atenção de todos que, depois de sacrificá-lo,
transformam suas penas em belos leques e adornos.
O verdadeiro sacerdote, o eleito pela
divindade, não se preocupa em exibir seu poder nem o seu saber em disputas vãs
e inconsequentes. Acumula em si uma grande carga de sabedoria que transmite com
dedicação a quem merece saber. O exibicionismo é um dos maiores defeitos num
ser humano e inadmissível a um sacerdote. Já dizia o velho jargão: “Num burro
carregado de açúcar, até o suor é doce”. É assim que, aos olhos do sábio,
parecem os exibicionistas: “burros carregando açúcar”.
7º. Não busquem
o conselho de Ìfá com más intenções ou falsidade (Àkàlà é um título usado para
Òrúnmìlà).
As boas intenções devem prevalecer
acima de tudo. A casa das divindades é o templo onde a iniciação é obtida.
A iniciação não pode ser motivada por
interesses que não sejam puramente religiosos. As verdadeiras intenções do
iniciando devem ser cristalinas como a água pura e desprovidas de qualquer
outro objetivo que não seja servir à humanidade. Querer iniciar-se no culto por
simples vaidade, para obter status social ou ostentar títulos sacerdotais é
profanar o sagrado. Aquele que profana o sagrado tabernáculo das divindades,
movido por qual for o motivo, pagará com duras penas o sacrilégio praticado.
O conhecimento corresponde às
responsabilidades que nem todos estão preparados para assumir. O conceito mais
amplo simboliza a atitude de um predador que esconde suas garras procurando
adquirir a confiança de sua vítima para ter base de agir no momento mais
propício aos seus objetivos. A mesma responsabilidade assume aquele que inicia
pessoas que não possuam os requisitos básicos exigidos para tal, visando aí, a
simples vantagem financeira. É muito melhor errar por não saber do que saber e
persistir no erro.
8º. Não rompam
(não mudem) ou revelem os ritos sagrados, fazendo mal uso deles.
A pena chamada Eekodidé é um dos
símbolos mais sagrados dentro do culto e, por este motivo, jamais deverá ser
aviltada.
Os sagrados fundamentos não podem ser
usados com objetivos vãos. Os tabus devem ser integralmente observados sob pena
de severas consequências. O sacerdote deve submeter-se de bom grado às
interdições impostas por seu Fádù ou Odù pessoal, assim como aos tabus de sua
divindade protetora. A observância destes ditames está diretamente ligada ao
estado de submissão às divindades cultuadas. A obediência total às orientações
de Ìfá conduz o homem à plenitude das bênçãos. Utilizar-se dos sagrados
conhecimentos de forma leviana corresponde a profanar o sagrado.
Não se deve utilizar o conhecimento
para prejudicar a quem quer que seja. A prática do mal, invariavelmente,
apresenta resultados mais rápidos, mas conduz a caminhos tortuosos que não têm
volta. Da mesma forma, aquele que se utiliza deste conhecimento visando
unicamente auferir vantagens econômicas, está em desacordo com os sagrados
ditames e será responsabilizado por isto.
“Tornar vil um símbolo de iniciação
como o Akpenin” é o mesmo que usar coisas sagradas com objetivos condenáveis e
fúteis.
9º. Não sujem os
objetos sagrados com as impurezas dos Homens, busquem nos ritos sagrados
somente coisas boas.
A sujeira e a falta de higiene são
incompatíveis com o rito.
Os Elementos sagrados, indispensáveis
ao ritual, hão de ser sempre muito puros e limpos. Da mesma forma, tudo deve
ser limpo, os instrumentos, os ambientes, os assentamentos e principalmente, as
atitudes. É inaceitável a falta de limpeza e de higiene em qualquer aspecto,
quer seja físico, ambiental ou moral. O sacerdote deve ser escrupuloso com
tudo. Seus instrumentos litúrgicos, os altares das divindades cultuadas, seus
trajes, seu corpo, suas atitudes e seu caráter hão de permanecer, sempre,
impecavelmente limpos.
10º. Os templos
devem ser lugares puros, onde a sujeira do caráter humano deve ser lavada.
Tudo aquilo que antecede a um rito e
que a ele faça referência, deve ser realizado com limpeza e religiosidade.
Da mesma forma que o ritual deve ser
cercado de cuidados de limpeza, a confecção das comidas e oferendas deve seguir
os mesmos princípios. Preparar as comidas ritualísticas é também um rito e deve
ser realizado em total circunspeção e concentração religiosa. Durante a
preparação das ofertas e comidas ritualísticas a atitude de quem dela participa
deve ser a mesma de quem participa do ritual em si. É inadmissível que, neste
momento sagrado, as pessoas estejam consumindo bebidas alcoólicas, falando
coisas vulgares, discutindo, brigando ou tentando exibir seus conhecimentos,
humilhando a quem sabe menos. A postura será sempre sacerdotal, o silêncio e a
concentração devem ser mantidos e, ensinar a quem não sabe ou a quem sabe
menos, é uma obrigação sagrada.
11º. Não
desrespeitem ou inferiorizem os que têm maior dificuldade de assimilar
conhecimentos ou deficiências no caráter, ajude-os a mudar.
Não se deve retirar a bengala de um
cego. (A bengala de um cego substitui seus olhos e indica os obstáculos que se
interpõem em seu caminho).
O sacerdote não pode prevalecer-se de
sua carga de conhecimento para humilhar ou confundir a ninguém. O sacerdote há
de ter o mais profundo respeito pelos que sabem menos. Ninguém tem o direito de
descaracterizar o que os outros sabem e acreditam. Abalar a fé de quem sabe
pouco ou nada sabe, é retirar a bengala de um cego, deixando-o sem qualquer
orientação nas trevas em que caminha. Uma das mais importantes missões do
sacerdote é ensinar e orientar.
Muitas vezes surgem pessoas que nada
sabem e julgam saber. É neste momento que o sábio aflora no sacerdote e a
orientação correta e o ensinamento certo são passados, com doçura, sutileza e
humildade, sem melindrar a quem os recebe e sem provocar confusões em sua
cabeça. Tudo deve ser ensinado com clareza e lógica. O Sacerdote, no exercício de
seu sacerdócio, assume também a missão de mestre.
12º. Não
desrespeitem os mais velhos, a sabedoria está com eles, à vida os fez aprender.
Não se retira o bastão de um ancião. (O
bastão do ancião representa o acúmulo de experiências adquiridas nos longos
anos em que viveu).
Deve-se respeitar e tratar muito bem
aos mais velhos, principalmente os mais antigos na religião. O respeito aos
mais velhos é um dos principais fundamentos de uma religião onde,
reconhecidamente, antiguidade é posto. Faltar-lhes com o devido respeito e
atenção é como lhes retirar o bastão em que se apoiam. Aquele que sabe
respeitar, acatar e amar aos seus mais velhos, sem dúvida receberá o mesmo
tratamento quando também caminhar apoiado no seu próprio bastão.
Os velhos, pelas experiências vividas,
representam verdadeiros mananciais de sabedoria onde cada um deve procurar
beber um pouco, saciando a sede de saber. São livros sagrados, cujas páginas
devem ser lidas com paciência e carinho. Uma religião que, durante séculos
incontáveis, teve seus fundamentos transmitidos oralmente, deve valorizar
sobremaneira, aqueles que são depositários destes conhecimentos. Um velho, por
mais obtuso que possa parecer à primeira vista, sempre terá algo, obtido nos
longos anos vividos, a ensinar. Devemos lembrar sempre que, se antiguidade é
posto, saber é poder!
13º. Não
desrespeitem as linhas de condutas morais.
O Sacerdote, como homem de bem, deverá
pautar sua vida de acordo com os ditames das leis dos homens e das sagradas
leis de Ifá.
Pugnar pela obediência às leis é uma
das obrigações de um sacerdote que, neste sentido, deve também orientar os seus
seguidores. Da mesma forma, as leis de Fá, devem ser observadas integralmente e
a ninguém cabe o direito de manipulá-las em benefício próprio ou de outrem. O
homem religioso não pode viver à margem da lei e da sociedade da qual deve
fazer parte como célula importante.
14º. Nunca traiam
a confiança de seu semelhante.
Os amigos devem ser respeitados e uma
amizade não pode ser traída.
A sentença busca valorizar o sentimento
de amizade que deve ser pautado sempre, no respeito mútuo e na reciprocidade
ética, que em hipótese alguma, podem ser esquecidos. “Um amigo vale mais do que
um parente”. Esta afirmativa da sabedoria popular fundamenta-se no fato de que
os parentes nos são impostos pelo destino, ao passo que, os amigos, cabem-nos
escolher dentre as inúmeras pessoas que surgem no decorrer de nossas vidas. Se
os elegemos de livre e espontânea vontade os nossos amigos, por que traí-los? Por
que não dar a eles o mesmo tratamento que gostaríamos que nos dessem? Conservar
as amizades e tratá-las com respeito e carinho é, acima de tudo, uma
demonstração de sabedoria. As amizades devem ser cultuadas e ninguém deve criar
animosidade entre amigos colocando em risco uma relação que pode representar um
grande tesouro.
“Mais vale um amigo na praça do que
dinheiro no banco”.
15º. Nunca
revelem segredos que lhe são confiados; falar pouco e somente o necessário
demonstra sabedoria.
Não se deve usar a religião para
motivar a guerra e a separação dos homens.
A religião tem por finalidade única
unir os homens através do criador. Não é concebível, portanto, que possa ser
utilizada como elemento aparteador dos seres humanos. Mesmo no âmbito de uma
mesma religião pode-se verificar a atuação de pessoas que, de forma nefasta, e
visando seus próprios interesses, jogam uns contra os outros, semeando a
desconfiança e a discórdia entre sacerdotes, irmãos e adeptos. Muitas guerras
têm feito derramar o sangue de inocentes, enlutando famílias e propagando a dor
e o pranto. A motivação religiosa que as incentiva é, no entanto, uma máscara
para o seu motivo real: a obtenção do poder.
O verdadeiro sacerdote deve pugnar pela
união dos homens, independente de seu credo religioso. Deus é um só e todos os
homens são seus filhos e, por consequência, irmãos entre si. Da mesma forma, os
sacerdotes de uma mesma religião devem agir dentro de uma ética que os impeça
de falarem mal uns dos outros, utilizando-se de meios condenáveis para atrair
os seguidores de outros templos coirmãos.
16º. Respeitem os
que possuem cargos de responsabilidade maior; o Bàbáláwo é um Pai, portanto, é
devido grande respeito aos Pais.
Nunca faltar com respeito com um
sacerdote. Todos aqueles que possuem cargos religiosos são importantes e dignos
de respeito.
Uma única palavra pode sintetizar o 16º
mandamento de Ìfá: Ética. Os sacerdotes, independente de funções e hierarquia,
devem respeitar-se mutuamente. A falta de ética entre os sacerdotes de nossa
religião, muito tem colaborado para o seu enfraquecimento e falta de
credibilidade pública. O sacerdote dotado de postura ética religiosa, jamais
abre a boca para apontar erros e defeitos em seus irmãos. Se os constata, procuras
corrigem-los de forma sutil e, se possível, despercebida aos olhos alheios, sem
alardear aquilo que considera errado. Muitas pessoas tentam encobrir os
próprios erros e esconder a própria incompetência, apontando, de forma
espalhafatosa, o erro e a incompetência dos outros. Esta é uma atitude
incorreta que só tem prejudicado e impedido um maior desenvolvimento da nossa
religião no Brasil.
Podem-se ouvir todas as noites, em
programas de rádio produzidos e apresentados por pessoas do culto verdadeiros
absurdos praticados em nome de nossa religião. As pessoas que se ocupam neste
tipo de divulgação deveriam refletir um pouco mais sobre sua atuação e os
malefícios que produz, não somente aos alvos de suas críticas, na maior parte
das vezes exageradas e motivadas por problemas de ordem pessoal, mas na
religião como um todo que, a cada divulgação enganosa feita, cai no descrédito
e na execração pública. Cada denúncia divulgada publicamente representa uma
nova arma para o arsenal dos detratores de nossa religião.
A seleção será feita, naturalmente, por
Òrúnmìlá e pelos Òrìsàs, através da ação de Èsú. Só a Olódùmarè
(Deus) cabe julgar o que é certo e o que é errado. Só a Ele cabe separar o joio
do trigo.
Mas os ancestrais não cumpriram as
determinações de Deus (Olódùmarè), trazidas e mostradas por Òrúnmìlà. Deus
(Olódùmarè) usa os Òrìsàs para advertir o Homem, mas não obtém sucesso. O Homem
não ouve os conselhos. Mesmo assim, o Homem ainda acusa a Òrúnmìlà. Mais
uma vez não reconhecendo seus próprios erros.
O Homem tem esse hábito, o de culpar os
outros pelas suas maneiras erradas. Diante de tais atitudes, Deus fica
desobrigado de cumprir Sua palavra com o Homem, permitindo então que o Homem
morra idoso e venha a renascer jovem, para que uma nova caminhada de aprendizados
se inicie, em outra vida, em outro lugar, e quem sabe assim, nessa nova etapa,
o Homem aprenda os mandamentos de Ìfá pondo fim a esse ciclo sofrido.
Assim se repetirão esses ciclos, até
que o Homem aprenda a mudar, tornando-se um Egúngún Àgbà (Ancestral Ilustre)
que recebe funções mais importantes no Òrun (no Mundo Espiritual)!
Asé.