Òrúnmìlà, òrìsà
da sabedoria e da adivinhação, foi o primeiro esposo de Òsún. Um relato do odu, um dos 256 signos do sistema de Ifá, conta que
deu a Òrúnmìlà ela 16 búzios como presente de núpcias, ainda hoje usados
pelos sacerdotes de Òsún para se
comunicarem com o Òrún em favor de seus seguidores. Òrúnmìlà também permitiu à bela Òsún que
fosse cultuada no mesmo dia que ele.
Infelizmente,
Òsún não ficou grávida durante o casamento. De acordo com as tradições
africanas, tal fato é uma desgraça, pois filhos é a prioridade de todo casal.
Já aflita com a situação, ela resolveu dar a seu marido o direito de ter filhos
e, relutantemente, deixou Òrúnmìlà.
Nove meses
depois, Òsún conheceu seu segundo esposo: Osoosì. Os dois descobriram
instantaneamente que suas personalidades se completavam, e foram muito felizes
como marido e mulher. Entretanto, sua adoração um pelo outro não remediou a
incapacidade de Òsún em conceber filhos de seu novo marido. Muito desapontados,
eles realizaram vários rituais, sem conseguir nenhum proveito. Mas Òsún não
desistiu. Ela conversou com Osoosì e ambos concordaram que ela deveria voltar
para o seu primeiro marido, o adivinho Òrúnmìlà pedindo que ele consultasse Ifá
para apurar o que estava acontecendo.
Quando Òsún
chegou à casa de Òrúnmìlà, ele ficou feliz em vê-La e foi imediatamente
consultar Ifá. Òrúnmìlà assegurou a Òsún que esta história de não ter filhos
iria logo terminar. Sua solução estava no palácio de Òrún, o mundo espiritual:
era para lá que Òsún deveria viajar a fim de buscar sua cura. Sua esterilidade
se transformaria em fertilidade, e Olodumaré, deus supremo, abriria as portas
para as crianças virem ao mundo. O adivinho aconselhou Òsún a reunir os itens
que haviam saído no jogo, para que se oferecesse um sacrifício especial em sua
intenção. Assim foi feito
Quando se
deu por conta, Òsún estava no Òrún escutando a voz de Olodumaré, que perguntou
a ela qual a razão de estar ali. Òsún ficou atônita, e Olodumaré pediu que se
acalmasse. Depois de oferecer a Òsún um lugar para se sentar, Ele começou a
contar histórias de seres que vinham ao Òrún para fazer pedidos semelhantes,
lembrando que as crianças do Òrún fugiam deles sem razão aparente.
Então
Olodumaré abriu a porta de onde as crianças estavam. Era a visão mais linda que
se poderia ter. Òsún olhou maravilhada para uma multidão de meninos e meninas,
que corriam para cima e para baixo, em grande algazarra. Quando as crianças
viram Òsún, correram em sua direção. Ela então lhes ofereceu doces, e assim
mais e mais crianças aglomeravam-se ao seu redor. Todos foram seguindo Òsún,
que se encaminhava para a divisa entre o Òrún (mundo espiritual) e o Àiyé
(mundo material). Porém, logo que chegaram a este ponto, as crianças pararam
abruptamente. Òsún deu às crianças as últimas gostosuras do pote no topo de sua
cabeça e voltou para o mundo material.
Na sua
chegada, entretanto, Òsún notou que as crianças não a haviam acompanhado e
começou a chorar. Ela se debulhou em lágrimas.
Òrúnmìlà
aconselhou Òsún a não mais chorar, dando-lhe parabéns. Ele lhe contou que ela
estava grávida e deveria parir logo. Òsún ficou grávida de três meses, outras
mulheres estéreis também engravidaram. E, quando a gravidez atingiu o nono mês,
nada podia segurar os recém-nascidos que vinham ao mundo. Òsún usou ainda seus
segredos para baixar a febre de seus filhos.
Òrúnmìlà recomendou que as mulheres fizessem oferendas em favor de suas
crianças e também de Òsún para demonstrar sua gratidão.
Toda vez que
estas oferendas são entregues, deve-se entoar uma cantiga cujo significado é:
“Saudações à Grande Mãe; aquela que usa joias de bronze para acalmar a
criança”.
Òsún passou
a ser venerada na terra yoruba. Ela curou a febre de todas as crianças, que não
tiveram nenhuma dificuldade desde então. Foi assim que Òsún ganhou o título de Irunmalé
Olomowewê, divindade protetora das crianças.
Lindo
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