sábado, 29 de setembro de 2012

BABAALÁWO & IYÀNIFÁ



(Babaaláwo e Iyànifá: pronunciado Baba-a-lawo) é o nome Yorùbá dado ao sacerdote de Òrúnmìlá, o deus yorubano da sabedoria que opera através de Ìfá, o sistema de adivinhação e predição.

De acordo com a tradição Yorùbá, Òrúnmìlá conhece o presente, o passado e o futuro. Através da comunicação com Òrúnmìla, o sacerdote de Ìfá, pode averiguar o futuro e saber como lidar com ele.

Essa consulta é feita através de uma adivinhação lançando o (Opele), uma corrente de (ikin) nozes de cola, sobre uma bandeja de madeira consagrada a esse deus. No culto aos Òrìsàs o Babaaláwo ou "pai e mestre dos mistérios" ou Awo, é reconhecido como um clérigo e atua como um sacerdote na comunidade.

A sacerdotisa de Ìfa é conhecida por Iyànifá.

Awo é frequentemente usado como um referencia de gênero neutro, tanto para Iyànifá quanto para Babaaláwo, bem como a esse conjunto sacerdotal. Um Awo é um conselheiro espiritual de seus clientes e presta assistência àqueles que recebem a tarefa de zelar por um Santuário de Òrìsà, ou pelos iniciados na tradição do culto aos Òrìsàs.

Os Awos submetem-se a um treinamento de memorização e de interpretação dos 256 Odus (mistérios , passagens) e numerosos versos (ese) de Ìfá.
Os Babaaláwos costumam ter outras atividades profissionais conforme a tradição. Muitos deles são herboristas, enquanto outros se dedicam a especialidade de extinguir os danos causados por Ajogun (espíritos da natureza que não possuem nem possuíram existência terrena). São ensinados a determinar quais as causas dos problemas espirituais e a buscar soluções seculares para tal. Sua função imediata é a de ajudar as pessoas a encontrar, compreender e proceder na vida até que elas experiência por si próprias à sabedoria espiritual como parte de seu cotidiano.

O Awo é encarregado de auxiliar as pessoas a desenvolver autodisciplina e caráter, para enfrentarem o crescimento dentro da espiritualidade. Isso se da pela identificação do destino espiritual do cliente, ou Ori e desenvolvendo um paralelo espiritual que servirá como apoio, cultivo e vivencia do seu destino. Por terem a responsabilidade de identificar o destino espiritual dos outros, Os Awo, precisam dedicar-se ao seu próprio conhecimento da vida e serem exemplos dignos para as pessoas. Aqueles que não procederem de modo a manter-se nos padrões de comportamento da mais alta moral, cairá no desfavor de seus Òrìsàs, e serão duramente julgados pela comunidade. Alguns Awo são iniciados na adolescência, enquanto outros aprendem na vida adulta. Mas o estudo constante e anos de dedicação ainda são a característica principal desses dotados mestres. É por isso na media esses iniciados para Ìfá são treinados por uma década, antes de serem reconhecidos como Babaaláwos.

Quando uma pessoa se torna Babaaláwo, significa que Ìfá está bem próximo a ele e é ele quem enfrenta qualquer negatividade que uma pessoa ou “Omo Ìfá” venha carregar, por isto, ele merece um grande respeito e não pode ser chamado pelo nome. A partir do momento que ele é preparado para brigar por sua liberdade, ele se se torna seu pai e deve ser chamado de Baba, abreviação de Babaaláwo (pai do segredo).

Cumprimento no dia a dia: Baba, Aboru boye
Tradução: Baba , saudação

Resposta do Baba: A boye bosise agbo a to
Tradução: Tudo de bom para você,tenha bia saúde e prosperidade.

(Geralmente com a cabeça no chão).
A boru
A boye
A bosise

Asé.

ÌYÉ ORÒ - AS PENAS SAGRADAS


ÌYÉ ORÒ
Ìkódíde, Agbè, àlùkò e Lékeléke são as quatros penas sagradas de nossa religião, somente sendo utilizadas dentro da ritualística e nunca como um simples adorno. Elementos primordiais e indispensáveis dentro dos Ìgbèrè – Ritos Iniciáticos e de Passagens de qualquer divindade do Panteão Yorùbá. Não existem penas semelhantes, são únicas em suas essências simbologia e significado, ou seja, são insubstituíveis. Dentro do Corpo Literário de Ìfá, são mencionadas nos mais diversos Oba Odù e seus Omo Odù.
(Ìkódíde)

Ìkódíde,Kódíde ou Ìkóóde trata-se de uma pena vermelha, extraída da cauda de um tipo de papagaio africano,conhecido popularmente por papagaio-cinzento, papagaio do Gabão ou papagaio do congo entre o povo Yorùbá. É denominado de Odíde ou Odíderé ,Tornou-se Rei entre todas as aves, símbolo da fecundação, da menstruação, da gestação, representa o nascimento e o símbolo do poder feminino.Representação da realeza, honra e status, esta acima da simbologia do Adé – Coroa. Fixado a frente da cabeça, representa o processo iniciático e confirma os ritos de iniciação.

Agbè pena azul extraída da cauda da ave africana. Descritos nos mitos, como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Olóòkun, Divindade dos Oceanos. Para que possa agir tem que ser utilizada em contrapartida com o Àlùkò.

 Àlùkò pena de cor púrpura (entre escarlate e violeta) extraída das asas da ave africana Turaco. Descritos nos mitos, como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Òlòsà – A Divindade das Águas Doces. Da mesma forma que sua contrapartida, somente age em companhia do Agbè.

(garça) Lékeléke pena de cor branca, extraída da ave  garça-vaqueira ou garça-boieira, nativa da África e do Sul da Europa, que invadiu a América do Norte no início do Século XX e atingiu o Brasil na década de1960. Descritos nos mitos como o pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza. Símbolo por excelência de todos os Òrìsà Funfun.

Um fragmento do Texto Sagrado de Ìfá:

Agbè ni i gbe're k'Olóòkun, Àlùkò ni i gbe're k'Olòsa, Odíderé-Moba-Odo Omo Agbegbaaje-ka ni naa ni i gbe're k'Oluwoo.

 O pássaro Agbè carrega a benção de Olóòkun .O pássaro Àlùkò carrega a benção de Òlòsà. O papagaio do Rio Mogba, descendência de um poderoso exército carrega uma cabaça com a fortuna para o Rei de Iwó.
Os pássaros Agbè e Àkùkò são agentes intermediários entre o poder da imensidão das águas. Oluwoo é um título do Rei de Iwó a Legendária Cidade, reduto da ave Odíderé.

 Ojúure l'Agbè fi í w'aró Agbè won jí t'aró t'aró Ojúure l'Àlùkò fi í w'osùn Àlùkò won jí t'osùn t'osùn Ojúure l'Lékeléke fi í w'efun Lékeléke won jí re pel'efun

O pássaro Agbè desperta com aro. O pássaro Agbè olha com bondade para aro. O pássaro Àlùkò desperta com osùn. O pássaro Àlùkò olha com bondade para osùn O pássaro Lékeléke desperta com efun
O pássaro Lékeléke olha com bondade para efun.

 Agbe ló l’aró, kìí rá’hùn aro Àlùkò ló l’osùn, kìí rá’hùn osùn Lékèélékèé ló l’efun, kìí rá’hùn efun .
O pássaro Agbè não se lamenta por muito tempo ao aró
O pássaro Àlùkò não se lamenta por muito tempo ao osùn
O pássaro Lékèélékèé não se lamenta por muito tempo ao efun.

Neste fragmento dos Textos Sagrados de Ìfá relata a ligação das aves
Agbè, Àlùkò e Lékeléke com as pinturas sagradas aró, osùn e efun. Essa expressão “despertar” tem a conotação de “ao amanhecer de cada dia” as aves sagradas carregam em si o poder e a essência de três dos quatros Oba Odù primordiais da existência universal; Ogbè Méjì relacionado com o efun, Òyèkú Méjì e sua relação com o osùn e ligação de Ìwòri Méjì com o aró. O fato de não se “lamentar por muito tempo” está baseado em uma oferenda cujo quais os principais ingredientes são as penas e as pinturas citadas.
Ojúure lògbólógbòó Odíderé fi í w'Iwó Ìkódíde àse kun be aràiyé.
 O grande e velho papagaio olha com bondade para Iwó. O poder da pena Ìkódíde enche de suplicas os seres deste mundo.

A PENA DO ÌKÓDÍDE
Existia numa aldeia uma sociedade só de mulheres virgens. Essas mulheres eram compradas por homens de posse só para casar com reis e príncipes, e elas passavam por ensinamento das anciãs. Existia, nesta aldeia, uma mocinha muito pobre e feia. Seu pai vivia muito triste e, um dia,disse:
- Eu sei que nunca vou achar um comprador para você, Por isso vou te levar eu mesmo para o ensinamento das anciãs. A menina ficou muito  triste, chorou e foi deitar. Então, chegou uma mulher muito bonita à sua cama, com uma cuia tampada na mão, e disse: Olhe, amanhã é dia dos compradores virem. Eles vêm trazendo um príncipe para ele mesmo escolher uma mulher. Tem aqui osùn, waji, obi e Ìkódíde. Você come o obi e o resto passa no corpo. A pena de Ìkódíde você coloca na testa como enfeite. Fique na janela, porém não diga nada a seu pai, pois ele vai para a roça e não deve saber. A mulher entregou-lhe a cuia e a mocinha tornou a pegar no sono. De manhã, deixou o pai sair e fez tudo como a mulher mandou. Atou a pena na testa com uma iko, uma palha da costa. Neste momento, vinha passando uma caravana com o príncipe. Ele olhou para a janela e, vendo a mocinha, ficou encantado.
-Que coisa linda! Será que é o que estou vendo? Chegou perto da janela:
-Minha iyaô! Minha noiva! Todos ficaram boquiabertos e ajoelharam-se em frente à janela, admirados com tanta beleza e com a luz que emanava da bela donzela. O pai da menina veio chegando e o príncipe fez a oferta de casamento. Até o pai ficou admirado com tanta beleza. O casamento foi no outro dia e, quando ela foi dormir, sonhou que outra vez chegava junto à sua cama à mulher, que lhe dizia: Olha, eu sou Òsún. Você é minha filha! – e sumiu. E a menina tornou-se princesa.

Asé.


terça-feira, 18 de setembro de 2012

ÒRÚNMÌLÁ


Ìfá é a mensagem divina de Olódùmarè (todo poderoso) para a humanidade; Òrúnmìlá também é às vezes chamado de Ìfá que é de fato a incorporação do conhecimento e sabedoria e a forma mais alta da prática de adivinhação entre os Yorùbás. Òrúnmìlá é o que conduz o sacerdócio de Ìfá.
Ìfá é o nome de um oráculo dos Yorùbás na Nigéria. Os sacerdotes de Ìfá são chamados de Bàbálawó (o pai dos segredos).
Ìfá é a palavra de Olódùmarè; Ìfá transcende todas as culturas e tradições de todas as coisas: o homem, animais, rochas, água, vento e fogo. Ìfá explica a base para a existência de todas as coisas passadas, presentes e futura. Ìfá prescreve a solução espiritual, física de todos os problemas. Ìfá é o primeiro, mais antigo e mais verdadeiro. Òrúnmìlá, autor da mensagem divina de Ìfá é o primeiro e verdadeiro guardião dos segredos da existência universal. Òrúnmìlá, em todas as coisas espirituais e esotéricas é o vice de Olódùmarè. Toda a adoração e veneração à Òrìsà são aceitáveis, desde que sejam subservientes ao culto de Olódùmarè, como esboço de Ìfá. Não a instruções ou indicações para a salvação que pode conduzir ao caminho da verdade divina, exceto por Òrúnmìlá. Ìfá é imparcial, Ìfá é verdade, Ìfá é universal, Ìfá é a incorporação da totalidade da existência humana. Ìfá é a base para a compreensão do inicio e fim de todas as coisas. Através de Ìfá, grandes mistérios da vida são revelados. Apenas Ìfá explica as razões para a vida, morte em vida, doença, sucesso, fracasso, a pobreza, a riqueza, a vida antes do nascimento e da vida depois da morte. Apenas Ìfá revela a base espiritual, para a experiência da reencarnação, porque nenhum organismo vivo tendo sugado do peito da mãe natureza, vai deixar de saborear a verdade amarga da morte, porque Orí é mais importante do que a religião, porque todos nós traçamos um caminho diferente durante nossa permanência no planeta terra, e porque o sacrifício é fundamental para a vida dos homens de todas as raças e religiões. Apenas Ìfá diz exatamente como é. Em suma Ìfá orienta a vida do homem do berço ao túmulo. 
O culto de Ìfá é um, sistema divinatório empregado na África e nos países para onde foi disseminado para decisões de cunho religioso ou social. Utiliza três técnicas diferentes (Òpelè, Ikins e Merindilogun), que têm em comum os Odù Ìfá, os signos.
As mulheres também podem ser iniciadas no culto, quando passam a ser chamadas apetebis (esposas de Òrúnmìlá), mas os sacerdotes  Bàbálawó sempre são homens heterossexuais, sendo vedado às apetebis jogar Òpelè ou Ikins. O Merindilogun é o jogo dos Obaoriates sendo permitido as mulheres a usarem o Ekuró. As pessoas ebomis que não são iniciadas em Ìfá usam o Obanika.
O culto de Ìfá tem um rígido e complexo sistema de conduta moral relativo a seus adeptos, expresso no Odù Ikafun, onde surgem os dezesseis mandamentos de Ìfá.
O Òpelè-Ìfá ou Rosário de Ìfá é um colar aberto composto de um fio trançado de palha da costa ou fio de algodão, que tem pendentes oito metades de fava de òpelè, é um instrumento divinatório dos tradicionais sacerdotes de Ìfá.
Ikin ou no plural Ikins são coquinhos (nozes) de um tipo especial de palmeira de dendê que ao invés de apenas dois olhos como nas palmeiras comuns, apresentam três ou mais olhos. Para serem usados para fins divinatórios no culto de Ìfá tem todo um ritual de extração e preparo especial prévio.
No Merindilogun, antes do arremesso dos búzios é Ìfá o intermediário, quando eles caem dando a quantidade, o intermediário passa a ser Èsú que sempre acompanha Ìfá. As caídas são dadas conforme a quantidade de búzios abertos e fechados resultante de cada arremesso. A resposta para cada quantidade de búzios abertos e fechados, corresponde um Odù e como ocorre no Òpelè Ìfá, esse odù deve ser interpretado, transmitindo-se ao consulente tanto o significado da caída, quanto o que deve ser feito para solucionar o problema.

Os 16 Mandamentos de Ìfá

Muitos andam pela vida sem rumo e acaba indo buscar os conselhos de Ìfá. Este era o caso dos ancestrais que buscaram cobrar de Ìfá a promessa feita por Olódùmarè (Deus), que dava a eles uma vida longa.

Diz Ìfá:

1º. Não digam o que não sabem (èsúrú pode ser tanto uma conta sagrada como um nome de uma pessoa).
Um sacerdote não deve enganar ao seu semelhante acenando com conhecimentos que não possui. E jamais dizer o que não sabe, ou seja, passar ensinamentos incorretos ou que não tenham sido transmitidos pelos seus mestres e mais velhos ou adquiridos de formas legítimas. É necessário o conhecimento verdadeiro para a prática da verdadeira religião.
Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa, sofrerá graves consequências pelos seus atos. A natureza se incumbirá de cobrar os erros cometidos e isto se refletirá em sua descendência consanguínea e espiritual.

2º. Não façam ritos que não saibam fazer (novamente avisa: não troquem a conta sagrada pelo nome).
O sacerdote deve saber distinguir entre o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e o ato sagrado, o objeto profano e o objeto sagrado.
Não se podem realizar rituais sem que se tenha investidura e conhecimento básico para realizá-los. Chamar a todos é considerar a todos, indiscriminadamente, como seres talhados para a missão sacerdotal, o que é uma inverdade ou, o que é pior, uma manipulação de interesses. Da mesma forma que nem todas as contas servem para formar-se o colar de uma divindade (como as contas sagradas), nem todos os seres humanos nasceram fadados para a prática sacerdotal.
Para ser um sacerdote são necessários inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais. A simples iniciação de um ser profano, desprovido destes atributos básicos e essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado. Da má interpretação e inobservância deste mandamento resulta a grande quantidade de maus sacerdotes que proliferam hoje em dia dentro do Culto. Observa-se a diferença entre “ser sacerdote” e “estar sacerdote”. Aquele que se submete à iniciação visando tão somente o status de sacerdote, jamais será um verdadeiro sacerdote. Estará sacerdote, cargo adquirido pela iniciação, mas jamais será sacerdote, condição imposta por sua vocação, dedicação, espiritualidade e desprendimento. Caberá ao sacerdote iniciador do neófito consultar Ìfá, com muito critério, para apurar se aquele noviço será realmente digno do sacerdócio.

3º. Não enganem as pessoas (trocando a pena de papagaio por morcego).
O sacerdote nunca deve desencaminhar as pessoas dando-lhes maus conselhos e orientações erradas.
É inadmissível que um sacerdote se utilize do seu poder e do seu conhecimento religioso para, em proveito próprio, induzir ao erro aqueles que o cercam. Ao agirem desta forma, assumem a postura das aves noturnas que, nas trevas, saciam suas necessidades com o sacrifício e o suor alheio. Dar maus conselhos e orientações erradas é expor as pessoas aos perigos de energias maléficas e sem controle.
Uma das mais importantes funções do sacerdote é orientar seu discípulo, conduzindo-o ao caminho correto, ao encontro da felicidade, de acordo com os ditames estabelecidos por seu destino pessoal e de seus ancestrais protetores.
Quem chega aos pés de Òrúnmìlá para consultar seu oráculo em busca de soluções, deve ser orientado pelo sacerdote corretamente, independente do interesse deste como olhador. A pessoa que chega com um problema deve ter seu problema solucionado e não vê-lo acrescentado de outros criados artificialmente com o fito de proporcionar a quem a consulta, vantagens financeiras ou possibilidade de conquistas e abusos sexuais.

4º. Não conduzam as pessoas a uma vida falsa (mostrando a folha de ìrókò e dizendo que é folha de oriro).
Tudo deve ser feito de acordo com os ditames e os preceitos religiosos. A simples troca de uma simples folha pode ocasionar consequências maléficas ou tornar sem efeito um grande ritual da mesma forma que as folhas do Arágbà não são iguais às folhas de Akókò.
O sacerdote não pode, em nenhuma condição, utilizar-se de falsos recursos, fornecendo coisas sem validade religiosa como elementos de segurança ou de culto. Os procedimentos litúrgicos devem ser observados integralmente e a ninguém cabe o direito de fazer “isto” por “aquilo” quando em “aquilo” é que está a solução.
Aquele que utiliza de meios escusos e enganosos contra seus semelhantes, será culpado do crime de abuso de confiança. Aquele que usa de artifícios e mentiras contra as pessoas inocentes e de bom coração provoca o descontentamento de Òrúnmìlá e a consequente ira de Èsú.
“Òrúnmìlá é aquele que nos olha com amor, não façamos por onde o mesmo possa nos olhar com desprezo”.

5º.
Não queiram ser uma coisa que vocês não são (não queiram nadar se vocês não conhecem o rio).
O saber é fundamental para quem quer fazer. Para tanto, é necessário o poder, que só o conhecimento pode outorgar.
Um sacerdote não pode proceder a liturgias para as quais não seja habilitado através do processo iniciático ou cuja prática desconheça ou domine apenas parcialmente. Um sacerdote não deve ostentar uma sabedoria que na verdade não possua. Procurar saber não avilta, mas, pelo contrário, exalta o ser humano. O saber é condição básica para que se possa fazer. E todo ritual deve ser feito integralmente e com legitimidade total. Se houver dúvidas sobre algum procedimento, deve-se pesquisar profundamente sobre ele.
Cabe ao sacerdote ensinar tudo o que sabe àqueles que o cercam e que nele confiam. A sonegação de ensinamentos corretos e completos implica na responsabilidade da prática de suicídio cultural. Da mesma forma, buscar orientação em quem sabe nada tem de humilhante e enaltece tanto àquele que busca como ao que fornece a orientação. A verdadeira sabedoria consiste na consciência da própria ignorância. Não existe ser neste mundo que saiba tudo!
“Deus não deu ao ignorante o direito de aprender sem antes tomar de quem sabe a obrigação de ensinar”.

6º. Não sejam orgulhosos e egocêntricos.Humildade e desprendimento são atributos indispensáveis de um verdadeiro sacerdote.
Um sacerdote não deve ser vaidoso de seus poderes, mas consciente deles e não deve agir somente visando o próprio benefício, existe para servir e não para ser servido. A vaidade transforma o homem fraco de espírito num pavão que faz questão de exibir sua bela plumagem sem a consciência de que é a sua beleza que, despertando a atenção de terceiros, irá provocar a sua morte. Num Ifádù (caminho de Ifá) encontramos narrativas que falam do exibicionismo do pavão que, ostentando a beleza de sua plumagem, atrai para si a atenção de todos que, depois de sacrificá-lo, transformam suas penas em belos leques e adornos.
O verdadeiro sacerdote, o eleito pela divindade, não se preocupa em exibir seu poder nem o seu saber em disputas vãs e inconsequentes. Acumula em si uma grande carga de sabedoria que transmite com dedicação a quem merece saber. O exibicionismo é um dos maiores defeitos num ser humano e inadmissível a um sacerdote. Já dizia o velho jargão: “Num burro carregado de açúcar, até o suor é doce”. É assim que, aos olhos do sábio, parecem os exibicionistas: “burros carregando açúcar”.

7º.
Não busquem o conselho de Ìfá com más intenções ou falsidade (Àkàlà é um título usado para Òrúnmìlà).
As boas intenções devem prevalecer acima de tudo. A casa das divindades é o templo onde a iniciação é obtida.
A iniciação não pode ser motivada por interesses que não sejam puramente religiosos. As verdadeiras intenções do iniciando devem ser cristalinas como a água pura e desprovidas de qualquer outro objetivo que não seja servir à humanidade. Querer iniciar-se no culto por simples vaidade, para obter status social ou ostentar títulos sacerdotais é profanar o sagrado. Aquele que profana o sagrado tabernáculo das divindades, movido por qual for o motivo, pagará com duras penas o sacrilégio praticado.
O conhecimento corresponde às responsabilidades que nem todos estão preparados para assumir. O conceito mais amplo simboliza a atitude de um predador que esconde suas garras procurando adquirir a confiança de sua vítima para ter base de agir no momento mais propício aos seus objetivos. A mesma responsabilidade assume aquele que inicia pessoas que não possuam os requisitos básicos exigidos para tal, visando aí, a simples vantagem financeira. É muito melhor errar por não saber do que saber e persistir no erro.

8º.
Não rompam (não mudem) ou revelem os ritos sagrados, fazendo mal uso deles.
A pena chamada Eekodidé é um dos símbolos mais sagrados dentro do culto e, por este motivo, jamais deverá ser aviltada.
Os sagrados fundamentos não podem ser usados com objetivos vãos. Os tabus devem ser integralmente observados sob pena de severas consequências. O sacerdote deve submeter-se de bom grado às interdições impostas por seu Fádù ou Odù pessoal, assim como aos tabus de sua divindade protetora. A observância destes ditames está diretamente ligada ao estado de submissão às divindades cultuadas. A obediência total às orientações de Ìfá conduz o homem à plenitude das bênçãos. Utilizar-se dos sagrados conhecimentos de forma leviana corresponde a profanar o sagrado.
Não se deve utilizar o conhecimento para prejudicar a quem quer que seja. A prática do mal, invariavelmente, apresenta resultados mais rápidos, mas conduz a caminhos tortuosos que não têm volta. Da mesma forma, aquele que se utiliza deste conhecimento visando unicamente auferir vantagens econômicas, está em desacordo com os sagrados ditames e será responsabilizado por isto.
“Tornar vil um símbolo de iniciação como o Akpenin” é o mesmo que usar coisas sagradas com objetivos condenáveis e fúteis.

9º.
Não sujem os objetos sagrados com as impurezas dos Homens, busquem nos ritos sagrados somente coisas boas.
A sujeira e a falta de higiene são incompatíveis com o rito.
Os Elementos sagrados, indispensáveis ao ritual, hão de ser sempre muito puros e limpos. Da mesma forma, tudo deve ser limpo, os instrumentos, os ambientes, os assentamentos e principalmente, as atitudes. É inaceitável a falta de limpeza e de higiene em qualquer aspecto, quer seja físico, ambiental ou moral. O sacerdote deve ser escrupuloso com tudo. Seus instrumentos litúrgicos, os altares das divindades cultuadas, seus trajes, seu corpo, suas atitudes e seu caráter hão de permanecer, sempre, impecavelmente limpos.  

10º.
Os templos devem ser lugares puros, onde a sujeira do caráter humano deve ser lavada.
Tudo aquilo que antecede a um rito e que a ele faça referência, deve ser realizado com limpeza e religiosidade.
Da mesma forma que o ritual deve ser cercado de cuidados de limpeza, a confecção das comidas e oferendas deve seguir os mesmos princípios. Preparar as comidas ritualísticas é também um rito e deve ser realizado em total circunspeção e concentração religiosa. Durante a preparação das ofertas e comidas ritualísticas a atitude de quem dela participa deve ser a mesma de quem participa do ritual em si. É inadmissível que, neste momento sagrado, as pessoas estejam consumindo bebidas alcoólicas, falando coisas vulgares, discutindo, brigando ou tentando exibir seus conhecimentos, humilhando a quem sabe menos. A postura será sempre sacerdotal, o silêncio e a concentração devem ser mantidos e, ensinar a quem não sabe ou a quem sabe menos, é uma obrigação sagrada.

11º.
Não desrespeitem ou inferiorizem os que têm maior dificuldade de assimilar conhecimentos ou deficiências no caráter, ajude-os a mudar.
Não se deve retirar a bengala de um cego. (A bengala de um cego substitui seus olhos e indica os obstáculos que se interpõem em seu caminho).
O sacerdote não pode prevalecer-se de sua carga de conhecimento para humilhar ou confundir a ninguém. O sacerdote há de ter o mais profundo respeito pelos que sabem menos. Ninguém tem o direito de descaracterizar o que os outros sabem e acreditam. Abalar a fé de quem sabe pouco ou nada sabe, é retirar a bengala de um cego, deixando-o sem qualquer orientação nas trevas em que caminha. Uma das mais importantes missões do sacerdote é ensinar e orientar.
Muitas vezes surgem pessoas que nada sabem e julgam saber. É neste momento que o sábio aflora no sacerdote e a orientação correta e o ensinamento certo são passados, com doçura, sutileza e humildade, sem melindrar a quem os recebe e sem provocar confusões em sua cabeça. Tudo deve ser ensinado com clareza e lógica. O Sacerdote, no exercício de seu sacerdócio, assume também a missão de mestre.

12º.
Não desrespeitem os mais velhos, a sabedoria está com eles, à vida os fez aprender.
Não se retira o bastão de um ancião. (O bastão do ancião representa o acúmulo de experiências adquiridas nos longos anos em que viveu).
Deve-se respeitar e tratar muito bem aos mais velhos, principalmente os mais antigos na religião. O respeito aos mais velhos é um dos principais fundamentos de uma religião onde, reconhecidamente, antiguidade é posto. Faltar-lhes com o devido respeito e atenção é como lhes retirar o bastão em que se apoiam. Aquele que sabe respeitar, acatar e amar aos seus mais velhos, sem dúvida receberá o mesmo tratamento quando também caminhar apoiado no seu próprio bastão.
Os velhos, pelas experiências vividas, representam verdadeiros mananciais de sabedoria onde cada um deve procurar beber um pouco, saciando a sede de saber. São livros sagrados, cujas páginas devem ser lidas com paciência e carinho. Uma religião que, durante séculos incontáveis, teve seus fundamentos transmitidos oralmente, deve valorizar sobremaneira, aqueles que são depositários destes conhecimentos. Um velho, por mais obtuso que possa parecer à primeira vista, sempre terá algo, obtido nos longos anos vividos, a ensinar. Devemos lembrar sempre que, se antiguidade é posto, saber é poder!

13º.
Não desrespeitem as linhas de condutas morais.
O Sacerdote, como homem de bem, deverá pautar sua vida de acordo com os ditames das leis dos homens e das sagradas leis de Ifá.
Pugnar pela obediência às leis é uma das obrigações de um sacerdote que, neste sentido, deve também orientar os seus seguidores. Da mesma forma, as leis de Fá, devem ser observadas integralmente e a ninguém cabe o direito de manipulá-las em benefício próprio ou de outrem. O homem religioso não pode viver à margem da lei e da sociedade da qual deve fazer parte como célula importante.

14º.
Nunca traiam a confiança de seu semelhante.
Os amigos devem ser respeitados e uma amizade não pode ser traída.
A sentença busca valorizar o sentimento de amizade que deve ser pautado sempre, no respeito mútuo e na reciprocidade ética, que em hipótese alguma, podem ser esquecidos. “Um amigo vale mais do que um parente”. Esta afirmativa da sabedoria popular fundamenta-se no fato de que os parentes nos são impostos pelo destino, ao passo que, os amigos, cabem-nos escolher dentre as inúmeras pessoas que surgem no decorrer de nossas vidas. Se os elegemos de livre e espontânea vontade os nossos amigos, por que traí-los? Por que não dar a eles o mesmo tratamento que gostaríamos que nos dessem? Conservar as amizades e tratá-las com respeito e carinho é, acima de tudo, uma demonstração de sabedoria. As amizades devem ser cultuadas e ninguém deve criar animosidade entre amigos colocando em risco uma relação que pode representar um grande tesouro.
“Mais vale um amigo na praça do que dinheiro no banco”.

15º.
Nunca revelem segredos que lhe são confiados; falar pouco e somente o necessário demonstra sabedoria.
Não se deve usar a religião para motivar a guerra e a separação dos homens.
A religião tem por finalidade única unir os homens através do criador. Não é concebível, portanto, que possa ser utilizada como elemento aparteador dos seres humanos. Mesmo no âmbito de uma mesma religião pode-se verificar a atuação de pessoas que, de forma nefasta, e visando seus próprios interesses, jogam uns contra os outros, semeando a desconfiança e a discórdia entre sacerdotes, irmãos e adeptos. Muitas guerras têm feito derramar o sangue de inocentes, enlutando famílias e propagando a dor e o pranto. A motivação religiosa que as incentiva é, no entanto, uma máscara para o seu motivo real: a obtenção do poder.
O verdadeiro sacerdote deve pugnar pela união dos homens, independente de seu credo religioso. Deus é um só e todos os homens são seus filhos e, por consequência, irmãos entre si. Da mesma forma, os sacerdotes de uma mesma religião devem agir dentro de uma ética que os impeça de falarem mal uns dos outros, utilizando-se de meios condenáveis para atrair os seguidores de outros templos coirmãos.

16º.
Respeitem os que possuem cargos de responsabilidade maior; o Bàbáláwo é um Pai, portanto, é devido grande respeito aos Pais.
Nunca faltar com respeito com um sacerdote. Todos aqueles que possuem cargos religiosos são importantes e dignos de respeito.
Uma única palavra pode sintetizar o 16º mandamento de Ìfá: Ética. Os sacerdotes, independente de funções e hierarquia, devem respeitar-se mutuamente. A falta de ética entre os sacerdotes de nossa religião, muito tem colaborado para o seu enfraquecimento e falta de credibilidade pública. O sacerdote dotado de postura ética religiosa, jamais abre a boca para apontar erros e defeitos em seus irmãos. Se os constata, procuras corrigem-los de forma sutil e, se possível, despercebida aos olhos alheios, sem alardear aquilo que considera errado. Muitas pessoas tentam encobrir os próprios erros e esconder a própria incompetência, apontando, de forma espalhafatosa, o erro e a incompetência dos outros. Esta é uma atitude incorreta que só tem prejudicado e impedido um maior desenvolvimento da nossa religião no Brasil.
Podem-se ouvir todas as noites, em programas de rádio produzidos e apresentados por pessoas do culto verdadeiros absurdos praticados em nome de nossa religião. As pessoas que se ocupam neste tipo de divulgação deveriam refletir um pouco mais sobre sua atuação e os malefícios que produz, não somente aos alvos de suas críticas, na maior parte das vezes exageradas e motivadas por problemas de ordem pessoal, mas na religião como um todo que, a cada divulgação enganosa feita, cai no descrédito e na execração pública. Cada denúncia divulgada publicamente representa uma nova arma para o arsenal dos detratores de nossa religião.
A seleção será feita, naturalmente, por Òrúnmìlá e pelos Òrìsàs, através da ação de Èsú. Só a Olódùmarè (Deus) cabe julgar o que é certo e o que é errado. Só a Ele cabe separar o joio do trigo.

Mas os ancestrais não cumpriram as determinações de Deus (Olódùmarè), trazidas e mostradas por Òrúnmìlà. Deus (Olódùmarè) usa os Òrìsàs para advertir o Homem, mas não obtém sucesso. O Homem não ouve os conselhos. Mesmo assim, o Homem ainda acusa a Òrúnmìlà. Mais uma vez não reconhecendo seus próprios erros.
O Homem tem esse hábito, o de culpar os outros pelas suas maneiras erradas. Diante de tais atitudes, Deus fica desobrigado de cumprir Sua palavra com o Homem, permitindo então que o Homem morra idoso e venha a renascer jovem, para que uma nova caminhada de aprendizados se inicie, em outra vida, em outro lugar, e quem sabe assim, nessa nova etapa, o Homem aprenda os mandamentos de Ìfá pondo fim a esse ciclo sofrido.
Assim se repetirão esses ciclos, até que o Homem aprenda a mudar, tornando-se um Egúngún Àgbà (Ancestral Ilustre) que recebe funções mais importantes no Òrun (no Mundo Espiritual)!

Asé.

sábado, 15 de setembro de 2012

ÒKÒTÓ


O òkòtó é uma espécie de caracol, o espiral da evolução e Èsú é invocado, cultuado junto ao òkòtó a todos que fazem parte do culto de Èsú. Ele consiste em uma concha cônica cuja base é aberta, utilizado como um pião. O òkòtó representa a história ossificada do desenvolvimento do caracol e reflete a regra segundo a qual se deu o processo de crescimento; um crescimento constante e proporcional, uma continuidade evolutiva de ritmo regular. O òkòtó simboliza um processo de crescimento. O òkòtó é o pião que apoiado na ponta do cone um só pé, um único ponto de apoio "espira ladamente" abrindo-se a cada revolução, mais e mais, até converter-se numa circunferência aberta para o infinito (cume oco). Para explicar seu papel como fator de expansão e de crescimento a partir de um único Èsú, o pé do òkòtó, Àgbá Èsú de cuja natureza as múltiplas unidades participam. O Òkòtó apesar de ser numerosos, sua natureza e sua origem é única, mas também ele explica o significado dinâmico, sua maneira de crescer e de se multiplicar "em espiral ". Èsú é UM multiplicado ao infinito. Em numerosos textos e cantigas encontra-se essa relação de Èsú com o número 1. Assim, numa parte do itàn que ilustra esse Odù, conta-se que, quando Èsú acabou de se preparar para vir do òrun ao àiyé já que "queria abençoar aqueles que não eram numerosos na terra, e porque ele percebia claramente que as pequenas cidades se lastimavam amargamente por não crescer”, ele convocou todos os seus descendentes no òrun, "os filhos de seus filhos, de geração a geração", e os contou durante longo tempo; "eram mil e duzentos, Àgbà Èsú, ele pró-pio, o rei de todos, acrescentou UM a seu número, o que fez 1201". Assim interpretasse que "a adição de uma unidade ao número redondo evoca a continuação... o número redondo, ao contrário,... marca uma paralisação na numeração, logo, por analogia, uma paralisação das relações sociais das partes, um limite.... " Essa capacidade dinâmica de Èsú que tanto permite a Sàngó lançar seu EDUN ARA( pedras de raio) como a Òsányìn preparar seus remédios, esse poder neutro que permite a cada ser mobilizar e desenvolver suas funções e seus destinos, é conhecido sob o nome de Agbára. Èsú é o senhor do poder, ele é ao mesmo tempo seu controlador e sua representação. Òlodúmàré delegou esse poder a Èsú ao entregar-lhe o Àdó-iràn, a cabaça que contém a força que se propaga. O Àdó-irán constitui um de seus principais emblemas e está presente nos "assentamentos" e em numerosas esculturas sob a forma de uma cabaça de longo pescoço apontando para o alto que Èsú carrega em sua mão. Principio dinâmico e símbolo complexo que participa de tudo o que existe, em sua força abstrata, Èsú só precisa apontar seu àdó para transmitir a força inesgotável que tem. Èsú, como Ifá, possui um culto e sacerdotes, mas por causa de seu significado está ligado a todos os cultos dos ìrúnmolè, tanto òrìsà como ancestrais, participando de todos eles. Èsú o primogênito do universo. "ORERE TI NDU ORI ELEMERE, BABÁ MI TA MI L'ORE OLA MO SIRE AGBE RODE O”. Tradução; Èsú o bondoso, que se preocupa, em melhorar a qualidade de vida, de todos os seres. Oh! Meu pai me presenteie com a prosperidade, fui propagar a sua sabedoria a todas as pessoas.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ebós Oferenda e Sacrifícios


Nos mais antigos tempos da raça humana, as pessoas tentavam barganhar; negociar com  as suas Divindades, através dos sacrifícios. Não sendo indiferentes as dificuldades da vida, era fácil entender que o sacrifício era algo que um Deus apreciaria ( a palavra sacrifício, significa: " SACRO OFÍCIO "  ou seja: trabalho sagrado ou trabalho dos Deuses ). Para uma Divindade protetora do rebanho de cabras, por exemplo, era apropriado sacrificar o mais perfeito cabrito ou carneiro. Para o Deus do plantio de inhame, era apropriado o maior e mais perfeito inhame da colheita. Todas as Divindades apreciavam alimentos, pois se acreditava que viviam na parte espiritual dos mesmos- o grande espírito ancestral da terra. Como apenas a energia espiritual do alimento, fosse para o Deus ofertado, a tribo não só podia como deveria comer a  oferenda. Compartilhar com seus irmãos, do alimento sagrada junto a Divindade. Com o tempo, os antigos sacerdotes puderam perceber qual era a oferenda mais indicada, para se conseguir o fim que se esperava o mais rapidamente possível. Na verdade a ideia em que se baseia o sistema de oferendas, vem de um sistema de escrita, que como toda linguagem,possui fundamentalmente o objetivo de transmitir mensagens (neste caso, "sacro ofício"- sacrifício, era a mensagem destinada exclusivamente aos Deuses ). Vejamos melhor estes conceitos: Apesar da ciência dita "oficial" , afirmar que os antigos Negros não possuíam nenhum sistema de escrita, o que os caracterizava como algo próximo aos animais, na verdade, os antigos Africanos da raça Negra, possuíam sim, não um , mas vários sistemas de escrita, como o sistema ideográfico ( símbolos visuais capazes de transmitir ideias, como por exemplo: as onifás do Oráculo de Ifá ) e entre outros, utilizavam-se muito de um sistema chamado escrita fonológica, um exemplo bem claro está no aròkó yorùbá, um sistema complexo utilizado por líderes militares, Reis e príncipes, o qual se consistia de arranjos de búzios e determinadas penas que construíam, às vezes uma representação silábica e portanto fonológica das palavras. A escrita fonológica representa graficamente os sons da linguagem (fonemas ou sílabas) e não envolve a prática das oferendas (sacrifícios) dentro da cultura Yorùbá, está intimamente ligada à ideia da escrita fonológica, como veremos; TODA OFERENDA É SEMPRE UMA TRANSMISSÃO DE MENSAGEM, ATRAVÉS DE PENSAMENTOS, SONS E ELEMENTOS MATERIAIS, seja estes elementos unidos ou separados. Dentro do sistema de oferendas os Ofòs (encantamentos) dos materiais, diziam os antigos sacerdotes que cada pensamento de um Orí (cabeça física e espiritual) tem um som especial, o qual equivale a uma forma; com pensamento, som e movimento, aquele que conhecesse a técnica, poderia quebrar ossos, provocar incêndios, destruir órgãos de um inimigo e também curar os doentes e fazer grandes benefícios. Um nome  (pensamento e som), poderia ser uma palavra mortal, principalmente se acompanhada de seu elemento físico (oferenda), em seu pensamento, som, forma e movimento. Por isto é importante perceber, o quanto pode ser difícil e ao mesmo tempo importante, a prática correta de uma boa oferenda, para que se tenha um resultado final e objetivo no que se busca. Que os bons pensamentos, seja nossa oferenda inicial aos Òrìsàs da sabedoria, que Òrúnmìlà, nos oriente a cada dia somar mais e mais conhecimentos espirituais e a desenvolver o bom caráter, até porque só ganha presentes o que merece, QUE SEJAMOS MERECEDORES DE RECEBER AS BENÇÃOS AOS OLHOS DE ÒLÓDUMÀRÉ, QUANDO O MENSAGEIRO LÁ ENTREGAR ,NOSSOS PEDIDOS, DESEJOS E AGRADECIMENTOS.

ASÉ IRE... OOOO!