sábado, 31 de março de 2012

ÒSSÁNYÌN



ÒSSÁNYÌN, divindade das plantas medicinais. A sua importância é fundamental, pois nenhuma cerimônia pode ser feita sem a sua presença, sendo ele o detentor do àse (o poder), imprescindível. Seu símbolo é uma haste de ferro, tendo na extremidade superior, um pássaro em ferro forjado; esta mesma haste é cercado por seis outras dirigidas em leque para o alto. O pássaro é representação do poder de ÒSSÁNYÌN. É o seu mensageiro que vai a toda parte, volta e se empoleira sobre a sua cabeça, para lhe fazer o seu relato.
A colheita das folhas deve ser feita com extremo cuidado, sempre em lugar selvagem, onde as plantas crescem livremente. Aquelas cultivadas no jardim devem ser desprezadas porque ÒSSÁNYÌN vive na floresta, em companhia de ÀRÒNÌ, um anãozinho que tem uma única perna e fuma um cachimbo feito de casca de caracol.
Os OLÓÒSANYIN, adeptos de ÒSSÁNYÌN, são também chamados ONÍÌSÈGUN, curandeiros, em virtude de suas atividades no domínio das plantas medicinais. O encarregado da coleta das ervas, devem fazê-lo no estado de pureza, abstendo-se de relações sexuais na noite precedente, e indo à floresta sem dirigir a palavra a ninguém. Além disso, devem ter cuidado em deixar na entrada da floresta, algumas moedas no chão, juntamente com um pouco de cachaça, mel, fumo de rolo – como pagamento para o dono das folhas.
Os nossos irmãos distante, tem costume de instalar em cada bairro da cidade um cirurgião africano, cujo consultório, bem conhecido, é simplesmente na entrada de uma venda. Generoso consolador da humanidade negra, á suas consultas de graça, mas como os remédios recomentados contém sempre algum preparo complicado, fornece os medicamentos e cobra por eles. Além do procedimento formal de coletar os vegetais de maneira adequada, o horário é também de fundamental importância. As folhas devem ser colhidas preferencialmente pela manhã, bem cedo. Caso a necessidade obrigue a coleta noturna – será necessário acordar a folha, que será colocada na palma da mão, uma por uma, dando três tapinhas e dizendo três vezes, ’’acorda’’. Há, ainda, dentro do fator horário, outro aspecto a ser considerado, qual seja a muda de’’senhor’’, por exemplo; - algumas ervas de ÒGÚN quando coletadas após o meio- dia,passa a ser de ÈSÚ.A palavra cantada ou falada ,assume um papel relevante: ela é portadora e desencadeadora de ÀSE. Os grãos de pimenta da costa (ataare) que são mascados na entrada do mato se destinam a reforçar tanto o poder da fala, quanto o de coletor. Quanto mais o Àse daquele que transmite é poderoso, mais as palavras preferidas são atuantes e mais ativos os elementos que manipula. Cantar ou chamar as folhas pelas denominações corretas em yorùbá não se prende somente ao ritual de coleta das espécies; este mesmo procedimento deve ser seguido em todos os outros momentos nos quais as folhas estão presentes, nas lavagens de contas, obtenção de um colar consagrado ao òrìsà dono da cabeça etc.
Ewé njé Oògún njé Oògún tikó jé Ewé re í kò pé
As folhas funcionam. Os remédios funcionam. Remédio que não funciona é que tem folha faltando.

ÈJÉ EWÉ (sangue das folhas) 
O sumo das folhas é um dos àses, mais poderosos que traz em si o poder do que nasce e do que advém. Todas as folhas, são pertencentes à ÒSSÁNYÌN, e elas são divididas em GUN  X  ÈRÒ. 
                                                                                                                                                                                                                                                     
Èèwò (tudo aquilo que provoca uma reação ao àse). São energias negativas, podem estar em alimentos, cores, situações, animais e até mesmo na própria natureza. ÒSSÁYÌN tem èèwò com raízes e peixe de pele.

Os adimus ( agrados ) de ÒSSÁNYÌN
Farofa de mel; acaçá; fumo de rolo e meladinho de cachaça de mel.


segunda-feira, 26 de março de 2012

ÒRÌSÀ OLÓÒKUN



Òrìsà  Olóòkun

Na Mitologia Yorùbá, Olóòkun - No Benin é considerado como do sexo masculino e em Ifé como sendo do sexo feminino, divindade do mar.
Olóòkun é o Òrìsà Senhor do mar, metade homem e metade-peixe, de caráter compulsivo, misterioso e violento. Tem a capacidade de transformar. É assustador quando irritado. Na natureza é simbolizado pelo mar profundo e é o verdadeiro dono das profundezas do presente, onde ninguém jamais esteve. Representa os segredos do fundo do mar, como ninguém sabe o que está no fundo do mar, apenas Olóòkun. Ele é um dos Orisás mais perigoso e poderoso do culto aos Òrìsàs.
Em um itán diz-se que ele foi acorrentado ao fundo do oceano, quando ele tentou matar a humanidade com o dilúvio. Seu culto é na cidade de Lagos, Benin e Ile Ifé. Seu nome vem do yorùbá, Olóòkun (Olo: proprietário - Okun: Mar). Representa a riqueza dos fundos marinhos e a saúde. Todos os Babalawôs devem cultuá-lo e sempre deve ser assentado com suas 18 ninfas que são suas esposas, as 9 Olossás e as 9 Olonas. Elas são ninfas da água, representam os rios, córregos, lagoas, cachoeiras, nascentes, lagoas, extensões marinhos e de águas pluviais. Olóòkun é o Òrìsà dos oceanos, onde toda vida se originou, e o zelador das suas riquezas e mistérios. Como o oceano que oculta incontáveis mistérios. Um provérbio do odu Irossun—o principal odu do dilogun em que Olóòkun se manifesta—enuncia que “ninguém sabe o que descansa no fundo do mar”. Por extensão, nenhum ser humano poderá alguma vez compreender verdadeiramente a magnitude e a força vigorosa desta misteriosa divindade.
Não há consenso quanto ao sexo de Olóòkun. Em algumas áreas da África Ocidental, Olóòkun é considerado masculino, ao passo que em outras é feminino. Olóòkun é descrito como um rei em um palácio subaquático e com muitas esposas. Várias qualidades de yemojá, Ajé Salugá e de Òsún são todas consideradas mulheres de Olóòkun. Alguns olorisás insistem em que Olóòkun é assexuado, hermafrodita. Esta controvérsia também se reflete nos cantos para Olóòkun e nos rituais associados com sua consagração. A despeito da caridade geral e da boa natureza de Olóòkun, este Òrìsà é uma força a ser temida quando contrariada. Um número de patakis se refere à ira de Olóòkun. Em um destes mitos, narrado no odu Ejiogbé Odi, descreve a insatisfação deste Òrìsà com a maneira em que Olorun distribuiu os domínios entre os Òrìsàs. O argumento era que, desde que foi consignado a Olóòkun governar sobre os oceanos, e estes formam a maior parte do planeta, Olóòkun era mais poderoso que Olorun e assim era o Ser Supremo. Para demonstrá-lo, os oceanos começaram a criar ondas irrefreáveis que tratavam de afogar a Terra e seus habitantes.
Está proibido permanecer diante de Olóòkun inapropriadamente vestido ou trajando roupas pretas, havendo uma exceção: durante um ebó , Nunca alguém deve se dirigir a Olóòkun em roupas íntimas ou que deixem o corpo exposto. Devemos estar seguros de estarmos ritualmente “limpos” antes de nos dirigirmos a este Òrìsà. Do mesmo modo, praguejar e usar linguagem de baixo calão são ofensivos para este Òrìsà. A água de Olóòkun deverá ser trocada uma vez ao ano. É importante recordar que não devemos fixar a vista diretamente dentro do vaso de Olóòkun imediatamente depois de tê-lo descoberto. A água antiga pode ser despachada na entrada da nossa casa ou ser usada para o banho. Muita gente usa a água de Olóòkun como remédio, especialmente para aliviar febres muito altas, passando um pano que tenha sido submerso na água, pelo corpo do indivíduo afetado. Se ao trocar a água, notarmos que as ferramentas necessitam de limpeza, então devemos proceder cuidadosamente no quarto da seguinte maneira, preferentemente isolados. O conteúdo deve ser esvaziado em uma bacia limpa e bem lavada com água fria. O vaso também deve ser lavado por dentro e por fora. Uma vez que isto tenha sido feito, as ferramentas são recolocadas dentro do vaso. Olóòkun nunca poderá ser lavado dentro da pia de lavar louça, nem deve ser limpo na frente daqueles que não são iniciados no culto.
Outro item é o cesto com oferendas que é preparado durante a consagração de Olóòkun. Esta cerimônia é denominada por muitos como agbán—cesto. As tradicionais comidas cozidas que é oferecida a Olóòkun. Em realidade, o agbán de Olóòkun deve ser feito com ekó, ekuru arô, akará e semelhantes. As oferendas para Olóòkun são levadas ao oceano. Quando o oceano não estiver à disposição, O lago, o rio ou o canal poderão substituí-lo. Olóòkun é a divindade dos oceanos, mas por extensão, também é o Òrìsà de todas as águas.

Os adimus ( agrados ) de Olóòkun   
     
Os adimus - preferidos de Olóòkun são porco frito e tiras de bananas verdes fritas. Olóòkun gosta de akará, bolos fritos de feijão fradinho, de ekuru aro, um tipo de pão de forma, feito de feijão fradinho cozido ao bafo dentro de folhas de bananeira, egbojá, um prato feito com milho moído, porco e/ou camarões secos,  peixe defumado coberto com molho de tomate e cebola ou com um molho verde feito com salsinha e outros condimentos; melancias e melões de todo tipo, uvas vermelhas, melado de cana, côco grelhado com melado de cana e canela, um tipo de pudim feito com batatas doces brancas. Sempre que poder, fazer a oferenda com (ewé ajé) Erva da Riqueza.

ORÍKÌ Olóòkun

Ìbá Òlòkun fe mi lo’re
Ìbá Òlòkun omo re wa se fun oyí o
Òlòkun nu ni o si o ki e lu re ye toray
B’omi ta ‘afí
B’emi ta’afí
Òlòkun ni ‘ka le
Mo jùbá
Àsè! Àsè! Àsè!

Tradução:

Eu saúdo o Senhor dos Oceanos.
Eu saúdo o Senhor dos Oceanos cuja grandiosidade não me cabe entender.
Olóòkun, minha fé é tão grande quanto à quantidade de água existente nos mares.
Da mesma forma
Permita que haja paz em meus caminhos!
 Olóòkun espírito imutável
A quem reverencio com muito respeito!
Assim seja!Assim Seja! Assim Seja!

Omobe – O Primeiro Sarcedote de Olóòkun

Em Ebvoesi, havia um menino chamado Omobe (malandro, criança problemática), que tinha grande capacidade física e foi treinado para ser um lutador. Como ele cresceu mais suas habilidades de “lutador” cresceu mais forte e em pouco tempo ele era considerado o maior lutador do mundo. No seu nascimento, o sacerdote adivinho do local, alertou seus pais para não permitir Omobe para escalar as palmeiras. Mas um dia, enquanto seus pais estavam fora, ele decidiu escalar uma palmeira de qualquer maneira. Do alto de que ele poderia perscrutar o mundo dos espíritos ele notou que várias divindades se reuniram para uma luta fantástica! Ele imediatamente desceu e fez o seu caminho para o mundo do espírito para testar a sua própria sorte. Ele venceu todos os adversários: Todos os deuses e outros. Finalmente, ele se preparou para lutar com Olóòkun.
Enquanto ele convocou toda a sua força física, Olóòkun desenhou em seus poderes espirituais.
Durante a luta, Omobe tentou jogar Olóòkun para o chão, mas acabou que Olóòkun entrou firmemente em sua cabeça. Todas as tentativas de remover Olóòkun de cabeça falharam e, Olóòkun declarou Sua morada permanente, como um sinal de arrogância de Omobe e desrespeito para com os outros espíritos. Quando voltou para casa Omobe o sacerdote adivinho aconselhou-o a acalmar Olóòkun ou iria morrer. Assim, por sete dias Omobe fez do sacrifício. No último dia Omobe foi iniciado como o primeiro sacerdote de Olóòkun. Após isto, Olóòkun afrouxou o controle sobre a vida de Omobe.
Existe a tradição de assentar Olóòkun para todos aqueles que irão fazer Yemonja . Olóòkun não se faz na cabeça de ninguém. Aos filhos de Olóòkun se faz yemonja a qualquer pessoa que seja feita, não importando o santo, porém deve assentar Èsú.